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Bahia: Curso qualifica capoeiristas sem garantir campo de atuação

 

Começou nesta segunda-feira, 30, um curso de capacitação em educação para 40 capoeiristas baianos. Promovido pela Secretaria de Cultura (Secult), o “Capoeira – Educação para a Paz” tem como finalidade formar professores da luta-arte no âmbito das relações étnico-sociais, para que possam atuar como educadores. No entanto, não há, até então, uma decisão por parte do governo sobre como estes profissionais serão aproveitados nas escolas públicas após a conclusão dos trabalhos.

O material de divulgação do curso informa que a capacitação contribuirá com a aplicação das leis 10.639/03 e 11.645/08, que modificaram a Lei de Diretrizes e Bases para incluir nas grades curriculares da rede pública o ensino de história e cultura Afro-brasileira, Africana e Indígena. No entanto, a Secult não explica de que forma isso ocorrerá. “Vamos preparar estas pessoas, mas sem criar a expectativa de que elas terão algum contrato de trabalho”, diz a coordenadora do curso, Vanda Machado.

De acordo com Vanda, um dos 30 módulos em que o curso foi dividido vai ensinar os capoeiristas a elaborar projetos, a fim de possam buscar outras oportunidades de trabalho. A informação parece não ter sido claramente comunicada a todos os participantes. “O que eu soube é que depois de um estágio não-remunerado em escolas do Pelourinho, haveria alguma proposta de trabalho nesta área (educacional)”, conta o mestre de capoeira Bola Sete.

A representante da Secretaria da Educação do Estado (SEC) no projeto, Tatiana Senna, afirma que há um acordo de cooperação entre as duas secretarias que prevê parceria de atuação em vários projetos. Ela explica que a SEC prevê diversas possibilidades para o aproveitamento destes profissionais, a começar pelo diálogo dos capoeiristas com os educadores da rede estadual de ensino. Porém, Tatiana não mencionou oportunidade concreta de trabalho para estes profissionais num primeiro momento.

A discussão acontece no momento em que a capoeira é reconhecida como Patrimônio Cultural Brasileiro pelo Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). A cerimônia de formalização acontece no próximo dia 15 de julho, às 15 horas, durante reunião do Conselho Consultivo da Instituição no Palácio Rio Branco, em Salvador.

Curso – Com 160 horas de duração, o “Capoeira – Educação para a Paz” vai oferecer módulos sobre história e cultura do povo negro, legislação, capoeira para crianças e pessoas com necessidades especiais, entre outras. Haverá também visitas técnicas e um período de estágio não-remunerado em escolas públicas. A metodologia é baseada na roda do diálogo onde “todos possam se ver e trocar experiências”, explica Vanda Machado.

De acordo com a educadora Fátima Freire, filha de Paulo Freire, que ministrou a aula inaugural do curso nesta segunda-feira, 30, no Forte do Santo Antônio Além do Carmo, a preocupação de base é a formação de valores. “A idéia é criar uma consciência transformadora nestes agentes multiplicadores que são os capoeiristas”, conta.

A idéia de inserir a capoeira no contexto educacional não é nova. Desde a determinação para descriminalização da prática, em 1932, Getúlio Vargas teria chegado a sugerir a inclusão da luta como prática esportiva nas escolas. No entanto, a implantação nunca foi levada adiante.

 

Fonte: http://www.atarde.com.br

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