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Capoeira na Visão da Mulher Angoleira

Paula Moleza
Jardim Pirajussara, SP
Julho de 2005


Cada dia que passa as mulheres estão conquistando mais espaço. Seja na roda da capoeira, seja na roda da vida. A própria mulher está criando melhores condições para se desenvolver e ser reconhecida – e respeitada – como capoeirista, através da organização de encontros femininos, palestras e debates. Sabemos que na Capoeira, especial enquanto esporte, se predominou por muito tempo o "machismo".
Pode-se observar, nos dias de hoje, que esse machismo apresenta-se um pouco mais moderado, como resultado da luta feminina, e conseqüente conquista seu espaço.
 
Na Roda a Mulher toca, canta, joga e, acima de tudo, educa pela Capoeira. Nós também falamos e debatemos sobre nossa arte, temos nossa "própria leitura", entendemos, inclusive, outras funções para a capoeira na sociedade moderna. Seja como elemento de agregação social, seja como fonte de educação e informação cultural brasileira.
Hoje encontramos não somente as mulheres-capoeiras brasileiras se destacando, como também as estrangeiras começam a mostrar que são boas praticantes e defensoras desta nossa arte. Não falo de nenhum estilo ou concepção específica, mas falo da Capoeira como um todo. Outro dia, um amigo me informou que em alguns paises, principalmente na Europa, existem grupos que as mulheres capoeiras são maioria, no caso, especificamente nos grupos de Angola.
E no Grupo de Capoeira Angola Irmãos Guerreiros isso não é diferente, pois temos angoleiras de primeira qualidade. Mestre Pastinha já dizia "A capoeira Angola é nossa filosofia de vida, como dizia Mestre Pastinha. É tudo que a boca come". É assim uma das formas de leitura que as angoleiras do Irmãos Guerreiros entendem e praticam a Capoeira.
 
O grupo é bem mais antigo, mas o grupo de angoleiras que "levam o trabalho" no grupo está treinando há 7 anos. Hoje somos treinéis e devemos muito ao Contramestre Pernalonga (hoje me Bremen – Alemanha) e aos Mestres Marrom e Baixinho, que sempre nos incentivaram nessa nossa trajetória. Somos, ao todo, oito treinéis: Moleza, Mila, Malvadeza, Cacau, Kena, Pecado, Aline e Sereia. Além disso, alunas fiéis do grupo: Pipoca, Kathe, Manchinha, Ester e outras.
A participação e representação feminina aumentaram bastante em todos os setores da sociedade e não é diferente na Capoeira Angola. No grupo são diversas faixas etárias. Há mulheres maduras, jovens, adolescentes e até crianças como as pequenas Taísa, Taína e Evelin, que não perdem nenhuma roda.
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Nós, angoleiras do Grupo de Capoeira Angola Irmãos Guerreiros – já nos chamam até de Irmãs Guerreiras (porque não?) – buscamos estabelecer diálogo com outros grupos de mulheres-capoeiras e interessados no assunto. Nosso principal ideal é ver a Capoeira sendo utilizada principalmente com elemento de educação, cultura e respeito ao próximo e, sem dúvida, respeito à próxima também.
 
 


 

Neste artigo a autora – Paula Moleza -, praticante de Capoeira Angola no Jardim Pirajussara, região periférica da capital paulista, apresenta sua leitura sobre a participação da Mulher no mitiê da Capoeira
Nota do Editor:
Ao mesmo tempo em que a Capoeira encanta o mundo, o mundo busca novas formas de viver em sociedade. Uma sociedade que a cada vez mais tenta encontrar o equilíbrio entre a vida capitalista e consumista e o Viver Bem. Entendendo que este "viver bem" passa – ou deveria-, necessariamente, pelo respeito ao próximo.
E como respeitar o próximo sem todos terem direito a Saúde, Educação, Casa para morar e Alimentação? A Capoeira, sendo bem aplicada, pode e deve contribuir na formação não apenas jogadores e jogadoras de capoeira, mas sim cidadãos que saibam gingar bem seus direitos perante aos governos municipais, estaduais e nacional. Quem sabe aí teremos garantido pelo menos os direitos apresentados acima
Como estabelecer uma relação de respeito ao próximo se, na hora do "vamos ver", dentro da própria Capoeira, a mulher, por exemplo, ainda é deixada em segundo plano? Defende-se tanto que a Capoeira é, essencialmente, uma manifestação Afro-Brasileira, ou seja, tem seu nascedouro na Terra-Mãe Negra, mas não consegue conceber, por exemplo, a Cultura Matriarcal de algumas tribos e nações africanas.
Precisamos aprender, antes de tudo, o real sentido de pertencimento e de família. Temos que entender que o modelo da sociedade atual leva-nos, cada vez mais, para uma solução Individualista, onde o sentido de Grupo só funciona capital e comercialmente.
Feita esta pequena introdução, apresento a vocês o artigo enviado pela Trenel Paula Moleza, do Grupo Irmãos Guerreiros, grupo este que faz, sob meu ponto de vista particular, um dos melhores trabalhos sociais com Capoeira Angola nas regiões periféricas da capital paulista.
As ilustrações foram registradas durante o "IV Encontro das Mulheres Angoleiras" do Grupo Irmãos Guerreiros, que ocorreu entre os dias 10 e 12 de março, em comemoração ao dia Internacional da Mulher.
 
Miltinho Astronauta
Jornal do Capoeira – www.capoeira.jex.com.br

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