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Rio Preto: Velhice com ginga e saúde

Idosos provam pela capoeira que faltam limites para o corpo humano de quem exercita a mente; prática reduz consumo de medicamentos e incidência de doenças

Com uma rasteira, os sintomas das mais variadas doenças caíram por chão. Ao aplicar uma tesoura, eles cortaram o consumo de remédios em até quatro vezes. Num rabo-de-arraia, eles mostram que elasticidade pode fazer parte da vida de pessoas de todas as idades.

Os idosos que participam do projeto Capoeira Sem Limites dão show de simpatia e alegria, além, claro, de ginga e dança. Não à toa, pois todos sentem efeitos benéficos no tratamento de problemas como diabetes, derrame, dores nas costas, insônia ou cirurgia no coração.

A aposentada Vera Pires, 57 anos, já teve quatro derrames. Ela chegou a consumir 17 comprimidos por turno do dia, ou seja, 51.

Depois que virou capoeirista, ela reduziu a quantidade de remédios para quatro por turno. “Também já emagreci 12 quilos e estou me sentindo uma gatinha”, revela Vera, mostrando também os benefícios para o corpo.

O professor Antônio Marcos da Silva, o Ceará, conta que o projeto segue o modelo Lian Gong, um tipo de ginástica terapêutica chinesa. Além de dar mais confiança aos participantes, os exercícios aumentam a elasticidade, mesmo daqueles que nunca fizeram alongamento na vida.

É o caso do ex-trabalhador braçal José Batista da Costa, 62. Quando entrou na capoeira, ele mal conseguia levantar o braço. Após um ano e meio, Batista faz coisas que até então considerava impossíveis.

“Agora minha mulher não precisa nem mesmo lavar as minhas costas”, conta em tom de brincadeira.

O grupo de 11 pessoas que treina na Policlínica Santo Antônio em Rio Preto tem idade entre 44 e 74 anos. A mais “vovó” da turma, Maria Lopes, 74, já passou por cirurgia da carótida, teve derrame e passou 15 dias em coma. Logo depois que se recuperou, ela entrou no projeto e hoje é uma das mais alegres participantes.

De mudança para Campinas, dona Maria não se vê mais fora de uma roda. “Terei de procurar algum lugar para praticar capoeira por lá também”, decreta.

O projeto também contribui com a resolução de outro problema da terceira idade: a socialização depois da aposentadoria. “Às vezes cuidamos só dos netos e não de nós mesmos. Aqui, somos amigos até demais, como em uma segunda família”, conta dona Maria.

Projeto da prefeitura existe há dois anos
O projeto Capoeira Sem Limites faz parte do programa Saúde em Movimento, desenvolvido pela Prefeitura de Rio Preto desde 2000. O objetivo é controlar doenças na terceira idade pela atividade física.

Segundo o coordenador do programa, Antônio Caldeira, são mais de 50 grupos na cidade, que buscam reduzir o consumo de medicamentos através de tipos de ginática terapêutica.

Ele conta que outras prefeituras estão desenvolvendo a mesma experiência. “Temos de envolver usuários do SUS para que se responsabilizem pela própria saúde. Quem depende só do médico não se aplica.”

‘A capoeira mudou minha vida’

• Isaura Pereira, 52
Isaura Pereira conviveu com a epilepsia por cinco anos. Nos piores momentos, ela chegou a ter 15 crises por dia, quase uma por hora em que passava acordada. Sem encontrar solução, Isaura chegou a entrar em depressão. Desde que entrou na capoeira, ela não toma mais remédios ou sofre alguma crise

• Marlene Miranda, 44

A mais nova do grupo da Policlínica do Santo Antônio sofreu a vida toda com insônia. Sem conseguir solução em qualquer outra terapia, Marlene entrou na capoeira e em outros grupos do tipo Lian Gong, os quais pratica quatro vezes por semana. Hoje ela dorme melhor e mais rapidamente

• Vera Pires, 57
Vera Pires já sofreu quatro derrames, problema que a obrigou a tomar 17 comprimidos em cada turno do dia. Dos 51 que tomava, ela passou a consumir apenas 12 após entrar no projeto Capoeira Sem Limites. A auto-estima de Vera também aumentou, já que ela perdeu 12 quilos

• Dalva da Silva, 45
Dalva da Silva sofreu com dores nas costas e pressão baixa por oito anos. Ela tentou acupuntura e fisioterapia, sem sucesso. Ao entrar na capoeira, a dor passou. Ela parou e a dor voltou. Hoje, ela está no grupo e não pretende sair

Fonte: Bom Dia Rio Preto – http://www.bomdiariopreto.com.br

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