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As Maltas da Capoeira

No século XIX existiam as Maltas de Capoeira, famosas no Rio de Janeiro, que se espalhavam por diversos bairros e freguesias da cidade, cada malta comandava uma região e não admitia a invasão de seu território. Os integrantes das maltas possuíam um modo característico de vestirem-se: trajavam roupas brancas, calça pantalona com boca de sino, camisa ou terno de linho com sapato de bico fino, no pescoço quase sempre usavam um lenço de seda que funcionava como proteção de navalhadas, na cabeça um chapéu e nas mãos, uma faca, navalha ou bengala para qualquer imprevisto. Esses capoeiristas costumavam viver na boemia junto com as prostitutas, vagabundos, aristocratas, imigrantes e intelectuais. Gostavam de festas, comícios e lugares com aglomerado de pessoas para poder saquear, roubar ou arrumar confusão com as maltas rivais. Quase sempre, quando a polícia chegava, conseguiam escapar, mas às vezes não tinha jeito e travavam combates deixando os policias estirados no chão.

As maltas de capoeira eram algo que atormentava a população carioca, principalmente as autoridades que queriam de qualquer maneira exterminá-las. Haviam várias maltas no Rio de Janeiro e cada uma comandava uma região, mas dentre todas, tiveram duas que mais se destacaram: os Guaiamuns e Nagoas.

 
Os Nagoas atuavam na periferia, chamada de Cidade Velha. Eram ligados aos Monarquistas do Partido Conservador; e tinham uma tradição escrava e africana. Os chapéus era sinais que diferenciavam os integrantes das duas grandes maltas. Os Nagoas usavam um chapéu com uma cinta de cor branca sobre o vermelho e as abas para frente e para baixo.

Os Guaiamuns atuavam na região central, chamada Cidade Nova. Eram ligados aos Republicanos do Partido Liberal; tinham uma tradição mestiça, absorveram muitos imigrantes, crioulos, homens livres e intelectuais. Usavam um chapéu com uma cinta de cor vermelha sobre a branca e as abas para frente e para cima.

Geralmente, os conflitos entre as maltas aconteciam em dias de festa, quando uma malta invadia o território da outra. Muitas vezes os conflitos aconteciam individualmente, ao invés de em grupo; um dos componentes da malta travava combate com um componente de outra malta, enquanto o restante ficava olhando, e independente do resultado ambos aplaudiam calorosamente.

Após a Proclamação da República (1889), foi criado o decreto 847 de 1890, intitulado "Dos vadios e capoeiras". Este decreto repreendia a capoeira e seus praticantes. Então, através da perseguição policial, pouco a pouco foram sendo encarcerados, exilados ou exterminados os chefes das maltas e estas foram perdendo suas forças e sendo desmanteladas.


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