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Fidelidade às raízes negras em “Besouro Cordão-de-Ouro”

Sucesso no Rio, sucesso em Curitiba, a montagem que trás o lendário Personagem de "Besouro Cordão-de-Ouro" conquista e agrada por onde passa…
É a magia do universo da Capoeira!!!
 
Luciano Milani
Fidelidade às raízes negras em "Besouro Cordão-de-Ouro"
por GISELE ROSSI – GAZETA DO POVO ONLINE
O musical “Besouro Cordão-de-Ouro” encerrou sua participação no 16º Festival de Teatro de Curitiba (FTC), deixando saudades. No início da última sessão, na noite de domingo (25), quem estava dentro da Casa Vermelha, pôde ouvir os gritos de “Queremos assistir! Queremos assistir!”, das pessoas que ficaram de fora, porque não conseguiram a entrada para assistir ao espetáculo. Os ingressos, para a pequena temporada, se esgotaram antes do início do Festival. Quem garantiu a entrada, passou por uma vivência interessante, de reconhecimento da cultura negra no Brasil.  Ricardo Sodré/JLM Produções 
    
A música “Lapinha”, que possui um refrão de autoria de Besouro (personagem que inspirou a montagem), “Quando eu morrer/Não quero choro nem vela/ quero uma fita amarela/ gravada com o nome dela”, é o ponto de partida para o musical, escrito e concebido por Paulo César Pinheiro, compositor de “Lapinha”, em parceria com Baden Powell, entre outras músicas. A canção ganhou novos versos para o espetáculo. Ao todo o musical apresenta dez canções, cantadas ao toque do berimbau e que apresentam nas letras, um pouco da história de Besouro e da vida dos negros no Brasil. As músicas são cantadas resgatando os seguintes toques do berimbau: Jogo de Dentro, Jogo de Fora, São Bento, Angola, Cavalaria, Benquela, Barravento, Iúna, Samango, Santa Maria e Besouro. Assim os cantos, que pareciam de uma tradicional roda de capoeira, ganharam ares de uma primorosa MPB.
 
A experimentação na ambientação também apresentou um resultado positivo. Ao entrar no ambiente a impressão é de que íamos assistir uma roda de capoeira no Barracão do Waldemar, endereço famoso de Salvador (BA), na década de 1950, onde aconteciam rodas de capoeira. Mas logo se descobriu que a peça começava com um velório e após alguns minutos o público foi convidado a entrar em outro ambiente, que lembrava uma senzala, onde as pessoas se acomodaram em cadeiras, almofadas e cestos. Visualmente, o espetáculo apresentou um cenário simples e monocromático, como era a vida dos negros recém-libertos, no início do século 20. Os atores, espalhados pelo espaço, iam relatando a vida do valente capoeirista, através da música e das histórias que ficaram conhecidas e chegaram até os dias de hoje apenas pelo boca-a-boca, das pessoas que o conheceram ou ouviram falar de Besouro Preto. No fim, o público foi convidado à participar da roda de capoeira.
 
Foi uma experiência bacana e fiel ao que se fala do famoso personagem. Destaca-se a direção de João das Neves, que estava na cidade junto com a equipe da peça. Diretor de teatro consagrado, que trabalhou com o grupo Opinião, na década de 1960; dirigiu shows de artistas como Chico Buarque, Milton Nascimento, Baden Powell; realizou a Missa dos Quilombo, no Rio de Janeiro em 1988, e também dirigiu o Tributo a Chico Mendes com o Grupo Poronga, no Acre, entre outras atividades, Neves levou o público a passear pelo espaço até chegar à roda da capoeira, onde tudo se passa, deixando o espetáculo leve e agradável. Junto com Pinheiro, apresentaram a figura humanizada de um homem que era tido como desordeiro, mas que na verdade usava de sua valentia para se defender, e apesar da fama de mal era uma boa pessoa.
 

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