Portal Capoeira Entrevista exclusiva com José Luiz Oliveira Cruz, Mestre Bola Sete. Mestres

Entrevista exclusiva com José Luiz Oliveira Cruz, Mestre Bola Sete.

"A humildade foi a maior lição que tive nesses 37 anos de Capoeira Angola"
 
José Luiz Oliveira Cruz, o mestre Bola Sete, nasceu em 31 de maio de 1950, iniciou na capoeira em 1962 como auto didata, em 1968 começa a treinar com o grande capoeirista Pessoa Bababá, marinheiro da marinha Mercante e discípulo de Mestre Pastinha, em 1969 ingressa na academia de Vicente Ferreira Pastinha, onde ocupou o cargo de Fiscal de Campo, diplomado pelo próprio Mestre Pastinha em 1979, hoje trabalha no Setor de Transporte, na Secretaria da Indústria, Comércio e Mineração, é membro do concelho da Associação Brasileira de Capoeira Angola, Bola Sete diz que os valores tradicionais dessa arte estão sendo esquecidos.
 
"A capoeira praticada hoje não é autêntica, pois é feita apenas para impressionar com seus saltos acrobáticos e agressivos"

Luciano Milani: Quando o senhor teve seu primeiro contato com a capoeira?
 
Mestre Bola Sete: Em 1962 como autodidata, quando começei a praticar com um rapaz… que fazia capoeira de rua…
 
{mosimage}Luciano Milani: Fale um pouco sobre Pessoa Bababá…
 
Mestre Bola Sete:  Pessoa Bababá, era marinheiro da marinha Mercante, sujeito muito forte e valente… era discípulo de Mestre Pastinha… Ele era um capoeirista tradicional, que começou me ensinado num porão de um edifício, em um lugar pequeno e com pouca iluminação, onde treinei cerca de um ano até ingressar na academia de mestre Pastinha em 1969
 
Luciano Milani: Qual é a principal diferença entre a "Capoeira Antiga" aquela que o senhor aprendeu com Mestre Pastinha,  e a "Capoeira de Hoje"
 
Mestre Bola Sete: Tem uma frase de Mestre João Pequeno que sintetiza tudo isso… ele diz o seguinte: "A capoeira Antiga era menos agressiva e mais perigosa… hoje a capoeira é mais agressiva e menos perigosa" voce vê muita rapidez no golpe…. só que o golpe só atinge o ar… o golpe não chega nem perto do camarada… ele não precisa nem se defender… pois o golpe não chega junto… e não obriga o camarada a se esquivar… o capoeirista tem de ser forçado a se defender… pois a capoeira é essencialmente defensiva… o principal fundamento da capoeira é a defesa, e não o ataque… e hoje eles estão aprendendo mais a atacar…
 
{mosimage}Luciano Milani: Aprendendo com o Mestre… Quanto tempo o senhor esteve ao lado de Mestre Pastinha e qual é a sua recordação mais forte… o momento que mais lhe marcou…
 
Mestre Bola Sete: Fui aluno de Mestre Pastinha durante treze anos.
O momento que eu guardo com mais carinho…o momento que mais me marcou no convívio com o mestre foi uma passagem onde ele segurou na minha cabeça, com as duas mãos encostou a minha cabeça na sua… e bateu por duas vezes a minha cabeça na dele… e disse:
"Zé Luiz… voce tem uma alma gemea… a minha!"
 
 
 * Destaque >>> 
Escute o áudio original da entrevista:


Livros e Cd´s lançados pelo mestre Bola Sete:
 
Livros:
 
{mosimage}Capoeira Angola na Bahia
 
Este livro originou-se da experiência do autor na prática da capoeira e dos conhecimentos adquiridos na
convivência junto aos grandes capoeiristas deste século, em especial junto a Mestre Pastinha. O leitor é levado, de forma didática, a conhecer o universo da capoeira, suas seqüências, trajes e princípios éticos que devem nortear a conduta dos capoeiristas. O livro fornece a visão de quem sabe o ofício, e que, com muita fé e malícia, transforma a capoeira num ritual para o saber e o viver. Mestre Bola Sete registra toda a tradição deste estilo de luta de exibição que aportou junto com os escravos em solo brasileiro, divulgando cantigas, fotos dos golpes e ritmos para o toque do berimbau. 
 
 
{mosimage}Capoeira Angola do iniciante ao mestre
 
Capoeira Angola – do iniciante ao mestre da sequencia ao trabalho comecado por Mestre Bola Sete com a publicacao de Capoeira Angola na Bahia, tambem editado pela Pallas.
Desta vez, em parceria com a Editora da UFBA, o autor apresenta um trabalho mais elaborado, voltado principalmente para os capoeiristas mais experientes, no qual procura mostrar todas as fases utilizadas no Centro de Cultura da Capoeira Tradicional Bahiana, com os requisitos necessarios para que se atinja a condicao de mestre.
 
 
{mosimage}Histórias e Estórias da Capoeiragem
 
Histórias e Estórias da Capoeiragem é o segundo livro do Mestre Bola Sete, que busca manter a história da capoeira e nomes de capoeiristas que poderiam estar esquecidos atualmente, a exemplo de Pessoa Bababá, Bobó, Valdomiro Malvadeza, dentre outros que são lembrados neste livro.
Neste livro sem mantém o tom das narrativas dos velhos mestres, que sabiam equilibrar o vivido com o mito (aspecto fundamental da capoeira) e utilizar como arma de comunicação.
 
 
*** Em breve estará sendo reeditado.
 
 
{mosimage}CD:
 
Aqui só Angola
 
CD gravado na academia do Mestre Bola Sete, com a participação dos alunos.


Bola Sete recebeu esse nome por treinar todo vestido de preto
 
Em 1980, pouco antes da morte de Pastinha, Bola Sete conseguiu abrir sua primeira academia, dando continuidade ao trabalho do seu mestre.

{mosimage}Local de Treinos:
 
SÁBADO 09:30-12:00 – Fundo do Palácio do Governo – Passeio Público
sala da capoeira, próximo ao Campo
Grande
 
DOMINGO 16:30-18:00 – Fundo do Palácio do Governo – Passeio Público
sala da capoeira, próximo ao Campo
Grande
 
* Os treinos e rodas só ocorrem em Salvador-Ba.
 
Centro de Cultura da Capoeira Tradicional Bahiana: http://eulanet.sites.uol.com.br/

{mosimage}Agradecimento especial ao facilitador desta entrevista e grande camarada:
Eulálio Cohim Hereda de Freita, Cruzeiro de São Francisco
"comecei quando existiam os treinos eram realizados apenas ao domingos, às 14:00h pontualmente. O aluno mais velho fazia o treino básico com os demais, enquanto o mestre nos levava (os novatos) para uma sala menor e mais apertada para dar os primeiros passos na capoeira.
depois de algumas semanas éramos incorporados ao grupo no treino geral. O mestre sempre começa o treino com uma conversa antes e depois do treino, sempre contanto "causos" e histórias que nos fazem conhecer a capoeira não apenas como luta, mas também como uma filosofia de vida e preservação da cultura."

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