As Bantas Coisas de Alagoas – culturas negras, passado e presente

Às comemorações da saga palmarina acrescentemos um olhar na dinâmica das culturas afro-alagoanas de hoje, e outro nas trajetórias que as fizeram como são
Mais um novembro de merecidas comemorações nacionais à consciência negra. Em Alagoas, deveríamos acrescentar uma necessária atualização: a de que fomos e continuamos a ser um território marcadamente afro-brasileiro. Esta poderia ser uma espécie de contrapartida do presente à saga palmarina do passado.
Ao menos em Maceió, em certa medida continuamos cegos e ignorando a cidade negra sobre este chão, e diante dos nossos olhos. Temos grande escassez de estudos sobre diferentes características da afro-brasilidade e insistimos, por isso mesmo, em não reconhecer a imensa força simbólica de tal pertencimento cultural. Na verdade, nos habituamos a envolver muita coisa sob o pano enganoso do folclore; quando disso se faz apenas o discurso da pretensa herança "comum" do "povo" ou da "alma alagoana". Vistos assim, muitos elementos étnicos que nos formam perdem a identificação de suas matrizes, empobrecendo a compreensão sobre nós mesmos.
O fato é que há uma África específica que nos habita desde aqueles primeiros navios do atlântico negro, nos meados do século XVI. Esta é, em grande medida, uma África dos povos de tronco lingüístico banto (ou bantu), e que está em nossas palavras, em nossas "gingas" e "mogangas"; rasteiras e umbigadas de tantas capoeiras, sambas e batuques. Em nossos fazeres, saberes e sabores diários que degustamos na ignorância de sabê-los negros, africanos, alagoanos, afro-alagoanos.
Por isso, leitor, quando pronunciar "gunga" você estará falando da praia alagoana, mas, provavelmente sem o saber, estará também se referindo a "berimbau pequeno". Se disser "mutange" ou "cambona" estará falando banto; e se der de ombros ou apontar com o queixo ou beiço, se dançar um samba de roda, se improvisar o "passo" num frevo rasgado, ou jogar uma capoeira de Angola, se utilizar a quase totalidade de nossas expressões informais para a sexualidade, mas, também ainda, quando se dobrar ante a força de um Preto Velho num terreiro Umbanda ou "Xambá" – linha de culto afro-brasileiro de influências banto e cabocla – saiba, você estará exercendo seu lado "banto".
O português praticado em Alagoas é de tal forma marcado pela presença banta que Rodolfo Garcia, em seu Dicionário de Brasileirismos, não hesitou em afirmar que por aqui esta influência foi maior que aquela herdada dos ameríndios. Mas não somente assim estão presentes as inúmeras referências bantas em Alagoas e no Brasil.
Dos povos bantu herdamos valores morais, espirituais, religiosos, estéticos, sociais e políticos, técnicas corporais, tecnologias agrícolas, comportamentos coletivos associativistas, modelos de organização familiar e outros. E é por isso que o africano não contribuiu com a cultura brasileira, pois quem contribui o faz "de fora"; ele a constituiu, isto é, a elaborou "por dentro".
O termo bantu deriva de "ba-ntu" , plural de mu-ntu (pessoa, indivíduo), e se refere a uma imensa família etno-linguística da qual descendia o maior contingente de escravos trazidos para o Brasil, aqui chamados angolas, cambindas, congos, benguelas, moçambiques, entre outras denominações. Foram negros bantos provenientes, sobretudo, dos atuais territórios de Angola, falantes do quicongo, do quimbundo e do umbundo, entre outras línguas; da República Democrática do Congo (Congo-Kinshasa, ex-Zaire) e da República Popular do Congo (Congo-Brazzaville), falantes do quimbundo e do quicongo, entre outras, que constituíram a força de trabalho africana espalhada inicialmente na costa brasileira, entre os séculos XVI e XIX, formando a quase totalidade dos negros cativos em Alagoas. Os rebeldes de Palmares, por exemplo, eram seguramente bantos, em sua maioria e talvez mesmo em sua totalidade.
Os bantos formaram uma civilização capital no processo de povoamento do continente africano. Acredita-se que ali a expansão humana ocorreu do Norte para o Sul, ou seja do Egito à África do Sul. Os agrupamentos mais antigos também se estabeleceram na região abaixo do Saara, a Noroeste. E deste ponto partiram os bantos e os chamados sudaneses. Enquanto os sudaneses permaneceram na rota Oeste-Leste, até o atual Sudão oriental, estacionando acima da linha do Equador, os povos bantu espalharam-se rumo ao Sul, sendo hoje encontrados majoritariamente tanto na África ocidental quanto oriental.
As influências lingüísticas do tronco bantu localizam-se, quer em línguas preponderantes quer minoritárias, nos seguintes países africanos: Camarões, Guiné Equatorial (parte do Gabão), Angola, Congo-Kinshasa (República Democrática do Congo), Congo-Brazzaville (República Popular do Congo), Ruanda, Burundi, Uganda, Quênia, Tanzânia, Zâmbia, Botsuana, Namíbia, Moçambique e África do Sul. São milhões de bantos falantes de mais de 450 línguas de um mesmo tronco lingüístico!
Para o Brasil, as maiores contribuições vieram das línguas quimbundo, umbundo e quicongo, grandemente incorporadas no português que falamos. No nosso país, e ao contrário do que se passara na costa africana, não tivemos a formação de uma língua de contato, uma língua geral entre africanos e portugueses, como o crioulo, tamanha esta influência de línguas bantos no falar brasileiro. Apesar desta forte presença, os negros bantus sofreram imenso preconceito no Brasil, e não apenas do homem comum, mas de intelectuais do porte de Caio Prado Junior, Sílvio Romero, Afrânio Peixoto, Manuel Diegues Jr., e até mesmo de militantes negros como Édison Carneiro. Via de regra, foram vistos como mais "atrasados", ou como mais "submissos" que outras etnias africanas aqui aportadas pela escravidão.
Portanto, não foram apenas os negros bantos os escravos trazidos para o Brasil. Em menor volume, e provavelmente apenas na fase final do escravismo (fins do século XVIII e primeira metade do XIX) aqui chegaram os chamados sudaneses – por referência ao antigo Sudão, reino que compreendia desde o atual Sudão oriental até a costa ocidental, no atuais Benin, Senegal e Nigéria. Dos sudaneses os escravos chamados "malês" eram islamizados, sendo os demais chamados genericamente nagôs, sobretudo dos grupos jeje-mina e nagô-iorubá, e nos trouxeram a religião dos orixás, tal como a conhecemos hoje pelos nomes de Xangô, Candomblé, Tambor de Mina e outras denominações. Os malês se tornaram famosos por suas revoltas urbanas na Bahia, com uma pequena presença em Alagoas; já os demais são, até hoje, reconhecidos na linguagem litúrgica dos cultos e nalguns termos incorporados ao português brasileiro. Muito provavelmente, para estes sudaneses foi vantajoso permanecerem freqüentemente nas cidades brasileiras, e em particular em Salvador. Com o "feitor ausente", obtiveram condições mais favoráveis à rebelião e/ou preservação da língua e das crenças. Para os bantos, restou uma presença mais "invisível" e mais antiga, mas muito mais dilatada em diferentes domínios: a língua portuguesa do Brasil, as artes culinárias, corporais, musicais, os bailados e danças dramáticas brasileiras.
Manifestações
Estando em Alagoas por muito tempo no espaço rural, na Zona da Mata dos engenhos de açúcar, o negro escravizado possibilitou (tirei o termo para") que hoje Alagoas seja tomada como um celeiro de manifestações folclóricas, em particular nas músicas e danças, como os pagodes -não confundir com o pagodão paulista – e os sambas, outros nomes dos cocos alagoanos, inúmeros como dança e canto, segundo ensina Aloisio Vilela: coco topado, remado, travessão, cavalo manco, trupé repartido, o sete e meio, o xipapá, o falado, o dobrado, o tranquiado, o de entrega, o de roda, o de "pareia", o coco solto, etc. Invenções rítmicas, coreográficas da cultura popular de Alagoas que, como se sabe, resultaram de um contexto – nos sentidos social, psicológico, político e cultural – muito específico, o da escravidão; e depois o do mandonismo senhorial de compadrio, esta forma de relacionamento bastante conhecida, às vezes adocicada na pena romântica da crônica condescendente dos resenhistas de nossas origens. Diegues Jr. lembra, a propósito, que manifestações como o coco seriam produtos gestados pelos empregados das fazendas, mas para uso coletivo nos pátios, isto é, uma produção cultural de mediação social, uma criação "para fora", para todos. Deste modo também, ao que parece, muitas características estéticas foram misturadas às formas lusitanas (ou ibéricas) e ameríndias de folguedos e festejos. Assim, não se deve esperar que as referências afro-brasileiras sejam apenas aquelas nítida e claramente reconhecíveis como "africanas".
Foram dessas realidades negociadas a partir das fazendas e engenhos alagoanos que brotaram formas culturais ambivalentes ou ambíguas quanto ao reconhecimento social dos teores de negro-alagoanidades que as preenchem. Isso transparece com nitidez no chamado "folclore negro", que para Alagoas os estudos de Abelardo Duarte listaram: as danças do coco alagoano, do buá, do bate coxa, e ainda do lundu; as músicas do esquenta-mulher e dos barbeiros; a literatura oral negra do ciclo do Pai João, das cantigas de ninar e dos adágios populares; a escultura, como a estatuária fantástica, radicalmente distinta da européia; as profissões "de ganho", como os vendedores ambulantes e as baianas quituteiras da velha Maceió, no centro e em Jaraguá, lembradas por Félix Lima Jr; e os folguedos populares, hoje mais ou menos vivos e mais ou menos mortos, como o Bumba-meu-Boi, o Reisado, o Guerreiro, as desaparecidas Taiêras, as Baianas, o Quilombo, e o finado Maracatú.
Ora, se essa influência está assim disseminada, "hibridizada" ou "sincretizada" na forma "afro-brasileira" ou "afro-alagoana", o esforço de conhecê-la (ou reconhecê-la) é aquele de evitar que sejamos, por exemplo e por ignorância, racistas de nós mesmos. Também é preciso considerar este processo de fusão de referências como estando em pleno vigor, o que evita o congelamento dessas referências no tempo e no espaço. Somos bantos sim, pelas centenas de gestos e expressões corporais, de grupos de capoeiras e bandas afro, pelos instrumentos musicais, pelos brincantes de folguedos, pela maneira com que professamos, aberta ou veladamente, crenças mágico-religiosas. E por falar em religião, foi do sistema de crenças banto, aliás, que veio boa parte dos elementos que integram os cultos umbandistas. E foi como religião sincrética que o Xangô (ou Candomblé) ressurgiu com força em nossa cidade, desde os anos duros do início do século XX. Não sem razão o nosso Candomblé tem se autodenominado de "traçado", isto é misturado de nagô com umbanda, de orixás, inquices e caboclos. Xangô com Umbanda, como se diz, por força das linhas bantas ditas "de Angola".
O elogio a este processo sutil de misturas culturais deve soar como um signo da vitória da cultura sobre a raça, como uma fórmula a evitar que a mestiçagem seja lida como mera ideologia do recalque, mas, bem ao contrário, que represente a exata medida de nossa auto-referência. Isto em vez de restringir alargaria a definição do ser alagoano, quanto à cultura que se supunha sob este rótulo existir, mas também quanto à composição social desse mesmo ser.

Angolafobia
Por que é importante retomar esses laços afro-alagoanos?
Não fosse para gerar informação e atualização seria, ainda, para não pararmos nas generalidades sabidas, de gostos senhoriais e ainda tão vivos mesmo que extemporâneos, e que em salões ou colunas de jornais a tudo dilui numa confraternização sem fim da "gente alagoana".
É necessário retornar às pistas sugeridas nos poucos autores locais que se debruçaram sobre as afro-alagoanidades (à frente de todos, Abelardo Duarte), dispersas ou ofuscadas pela característica violência de nossa formação social. Foram séculos de ignorância, ironia e preconceitos, que obliteraram a clareza e obviedade do nosso cotidiano real, sem as mistificações discursivas, literárias ou outras. A vida real desta gente crescida no sururu, no mungunzá e no pé-de-moleque.
Quais seriam, então, os mais reais representantes desta África escondida em nós? Seriam quilombolas, papa-méis e, hoje, cata-papéis. Porque a pobreza herdou os negros alagoanos, e deu uma cor escura à pele da miséria. Esta gente apelidada de povo, mas, contudo, sempre exibida num corpo desossado como um polvo.
Insistimos em falar da Nega Jujú, uma imagem bem nossa e bela, mas, olhando direitinho, uma negra imaginária, uma "negra maluca" criada nos anos da era Vargas, naquela pequena, pacata e provinciana Maceió. Tudo bem, a Nega Jujú é mesmo um de nossos patrimônios imateriais.
Ora, mais importante e mais real, patrimônio esquecido, foi a Marcelina; porque negra real de terreiro, negra de Xangô, que apanhou com o pau do ódio às coisas de África, essa lembrança que se quis apagar com uma sova na gente crédula de seu passado.
Foi numa Alagoas – e numa Maceió – senhorial, violenta, e branca em sua vontade de negar-se a si mesma, que se calaram todos os que tinham voz ante o massacre das casas de cultos afro-brasileiros. E o pau cantou, deitou e rolou naquela noite de 1 de fevereiro de 1912. Eis aí uma data que ainda nada diz para quem dela poderia fazer a lei de seu reconhecimento e de sua memória social. Assim como o 20 de novembro, data nacional, por que não esta data local sobre a mesma causa? Ou continuaremos calados?
Calados ficaram todos os homens de voz daqueles anos duros e intolerantes: poetas, acadêmicos, políticos, jornalistas. Neste caso, poder-se-ia dizer, a riqueza herdou os envergonhados "homens bons", ditos de boa cepa ou "de família".
Não deixa de ser sintomático sobre a eficácia desta violência – chamada também de "operação Xangô" – e do silêncio que produziu, o fato de que já em 1935, quando lança o seu livro Folk-Lore Negro do Brasil, Arthur Ramos ainda se referir ao massacre de 1912 como "batidas policiais", quando hoje sabemos ter sido uma ação coletiva civil e de oposição ao governo de então. Foi justamente por não se tratar de ações policiais, corriqueiras em todo o país, que o "quebra de 1912" é acontecimento único de intolerância religiosa no Brasil. Um vexame histórico, uma vergonha secular da terra da liberdade! A partir de 1912, algumas coisas parecem ter mudado para sempre.
Maracatú (palavra banto)? Nem pensar nisso por aqui. Não, isso já seria, então, demais; pois o indisfarçável Xangô ou Candomblé (palavra banto) estava contido nessa gente de Maracatú. Melhor seria, e na prática o foi, trocá-lo por fórmulas mais brandas e católicas. Que tal uma igreja se fazendo chapéu? Mil vezes a Calunga se querendo santa. Ficou tão esquecido e ofuscado entre nós o Maracatú que Abelardo Duarte conta que por ocasião da IV Semana Nacional de Folclore de 1951, que se passou em Maceió, Théo Brandão quis organizar um grupo deste folguedo mas desistiu, pois "não havia jeito das "Baianas" do Maracatú dançarem no ritmo conhecido; só dançavam no ritmo das Baianas."
Tire-se, então, os batuques e umbigadas de tão bantas feições. Coloque-se em seu lugar algum passo quebrado dito mais folclórico, pincelado de lusitanismos e indianismos. Enfim, nada de tanta Angola em Alagoas. Uma agonia ou uma angolia? Angolofobia. Aliás, e a propósito, angola era como os portugueses se refeririam ao Reino de Dongo, e vem o termo do banto Ngola , ou "o divino".
E se poderia ler sossegadamente o belo poema erudito: "que medo danado de negro fujão". A poesia negra? Só se for na versão erudita. Lembranças do rio Congo? Só se for na poesia de Raul Bopp.
Congo, antigo reino banto aonde, à foz do rio de mesmo nome, chegou a expedição portuguesa de Diogo Cão em 1482, reino que de tão grande deu quatro novas nações africanas. Do Congo nem as congadas, correntes no Brasil, foram para nós atrativas. Na porta de nossas igrejas, nada, ou quase nada, dessas bantas "bagunças". Nada de tambores, nada de tão real e negra presença de África. Era um medo danado. Manuel Diegues Jr., no seu "O Bangüê (palavra banto) das Alagoas", insuflado pela pena de Alfredo Brandão deste repete o argumento do catolicismo dos escravos daqui, que assim "não se deram à prática de cerimônias religiosas próprias". Por isso, facilmente exterminamos os Maracatús – na verdade, poderíamos aceitá-los, desde que como uma folclórica e caricatural "Nega da Costa"; pois até mesmo como Taiêras deixamos morrer.
O mestre Félix, lá de Jaraguá, do Xangô e do Maracatú, naquela velha Maceió humilhada desapareceu das ruas. Quem quiser, no entanto, poderá encontrá-lo nos jornais dos anos 1930, brincando novamente o Carnaval, mas com adequado folguedo lusitano!
Ao horror dos Palmares, impregnado em séculos de senzalas bem seguras e de negros bem aprisionados, acrescentemos essas nossas maldades tardias: primeiro, aquela da Cabanada e seus negros "Papa-méis"; depois, de modo exemplarmente alagoano, a maldade do quebra-quebra de 1912. Quando veio este massacre dos terreiros, fizemos até festa sobre os pertences sagrados daquela gente (hoje, coleção Perseverança do Xangô alagoano, no IGHAL); humilhando por décadas a fé alheia, e impondo-lhes ou o total silêncio ou o Xangô "rezado" baixo, como ficou conhecido.
Por último, enforcamos o derradeiro rebelde negro do escravismo no Pilar, à margem do mesmo Mundaú que corria também logo ali abaixo da Serra da Barriga (mais uma vez o poeta Jorge de Lima, em Serra da Barriga: "Mundaú te lambeu, Mundaú te lambeu"). E assim fechamos por último, e com "chaves de ouro", o capítulo brasileiro do pânico à negritude altiva ou rebelde.
E depois? Bom, sempre esquecemos de dizermos negras até as lembranças recentes de um Moleque Namorador ou de um "Ras Gonguila", brincantes maiores do Carnaval; às vezes até da recentíssima Joana Gajurú, e de tantos outros personagens já agora bem esquecidos por nossa cegueira histórica.


Bruno César Cavalcanti
Professor de Antropologia e pesquisador do Laboratório da Cidade e do Contemporâneo (LACC) do Departamento de Ciências Sociais da UFAL.Juntamente com a Profª Rachel Rocha, realiza a pesquisa Mapeamento Cultural Afro-brasileiro de Maceió, LACC/Afro-Atitude/Universidaids MEC/MS/UFAL.

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