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Capoeira: O lazer da indústria do turismo em Salvador

          Refletir sobre as experiências de lazer na atual sociedade tem se tornado um dos grande assuntos nos últimos anos. A maioria dos estudos e das pesquisas voltadas para o campo do lazer, nos tem fornecido discussões que colaboram para reflexões acerca das diversas experiências culturais desenvolvidas na atual sociedade, identificando assim, diversos problemas no qual temos que compreender, identificar e refletir de maneira consciente e crítica.
            Neste sentido, não podemos negar que tal reflexão se apresenta e se torna necessária quando observamos que na maioria das experiências culturais de lazer, e principalmente as que envolvem algumas manifestações da cultura popular brasileira como é o caso da capoeira, do samba e do futebol estão sendo desenvolvidas de maneira pejorativa e exacerbada e se aproximando a cada dia da lógica capitalista.
            Na maioria das vezes, as pessoas que estão à frente dessas experiências culturais não apresentam nenhum tipo de informação, entendimento e o pior de tudo, não compreendem os fundamentos, as tradições, os rituais e o processo histórico que a constituíram e a reconheceram como manifestações populares do nosso Brasil.
            Sendo assim, acreditamos que a capoeira uma manifestação de origem afro-brasileira no qual tudo nos levar crer ter sido criada e desenvolvida pelos negros africanos como um grito de liberdade no Brasil deva ser reconhecida como uma manifestação que expressa em sua particularidade e em seu ritual um misto de jogo, dança e luta de resistência do negro contra todo tipo de opressão.
            Tal característica de resistência apresentada pela capoeira, possibilita que a mesma expresse um aspecto de conformismo e resistência capaz de reverter determinada lógica, passando a ser compreendida e observada como um movimento revolucionário, que proporcionou aos escravos subsídios necessários para lutarem e alcançarem melhores condições de igualdade e liberdade, se é que podemos falar nisso nas atuais condições da sociedade brasileira.
            Porém, procuraremos relatar no desenvolvimento deste estudo algumas experiências vividas e observadas no período de 14 a 21 de novembro de 2004, na cidade Salvador/BA, período em que ocorreu a realização do XVI Encontro Nacional de Recreação e Lazer " ENAREL, evento que teve como tema "O lazer como cultura: o desafio da inclusão social".
Portal Capoeira Capoeira: O lazer da indústria do turismo em Salvador Publicações e Artigos             Ressaltamos que iremos apontar, em nossos próximos textos, apenas os pontos relevantes sobre os fatos ocorridos e que, ao nosso olhar, fornecem dados interessantes para uma intervenção crítica no campo do lazer, pois a capoeira uma manifestação da cultura popular que vem, a cada dia, conquistando mais adeptos, precisa ser compreendida como uma atividade que possibilita desenvolver a autonomia e a consciência crítica das pessoas acerca dos diversos problemas encontrados na atual sociedade e não apenas torna-se uma atividade a ser utilizada como válvula de escape dos turistas e das pessoas que querem desfrutar das riquezas do nosso país, da nossa cultura e enfim, de toda nossa sociedade numa visão geral.
            Acreditamos que devemos intervir de maneira consciente, buscando e desenvolvendo uma perspectiva crítica e transformadora de lazer que seja possível compreender, reconhecer os conhecimentos e os saberes proporcionados pelas manifestações populares brasileiras, valorizando o processo histórico de cada uma, o quanto elas representam o nosso país, pois caso contrário, estaremos passando uma borracha em todo um processo histórico de luta, resistência, conformismo e de superação.
            Portanto, a pesquisa que encontra-se em andamento tem como objetivo refletir, na particularidade prático-social do lazer, como a capoeira se intera por meio do seu aspecto de conformismo e de resistência das transformações que vem ocorrendo na atual sociedade do consumo e como articula respostas a esse processo globalizante.

MARCELO LAMPANCHE é formado em Educação Física (Bacharelado e Licenciatura plena) pela UNICSUL, desde 2004. Atualmente, é coordenador do Projeto Sócio-Cultural Cenlep Capoeira e um dos responsáveis pelo Grupo de Estudo sobre Capoeira e Lazer – GECAL e integrante (Monitor) do Grupo CapuraGinga em São Paulo-SP.
THELMA POLATO é Mestra em Educação Física na área de concentração Lazer, professora e praticante de Capoeira o Grupo CapuraGinga em São Paulo-SP.
 
Web site: www.capuragingacapoeira.com
Autor: Marcelo Lampanche e Thelma Polato
Fonte: www.capoeira.jex.com.br – Jornal do Capoeira
 

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