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PESQUISA: O COMPORTAMENTO DOS PAIS EM RELAÇÃO À PRÁTICA DA CAPOEIRA NA EDUCAÇÃO INFANTIL

APRESENTAÇÃO DOS DADOS DA PESQUISA
 
Realizamos durante o primeiro semestre do ano 2006, 100 entrevistas com pais ou responsáveis por crianças de 03 à 06 anos de idade que freqüentam unidades de educação infantil municipais e particulares dos municípios de Santo André/SP, São Bernardo do Campo/SP e São Caetano do Sul/SP. Adotamos o método qualitativo descritivo, formulando perguntas que nos esclarecessem a realidade quando os pais optam pela atividade física que o filho irá praticar na escola de educação infantil e também na visão ou idéia que fazem da capoeira e seus benefícios. Ou seja, como estes pais pensam a respeito da arte capoeira e seus mestres/professores dentro da educação infantil e como se comportam ou influenciam nas escolhas esportivas de seus filhos.
 
Dos dados coletados nas pesquisas, estabelecemos as seguintes categorias de análises e interpretações:
MODALIDADES ESPORTIVAS OFERECIDAS PELAS INSTITUIÇÕES
ATIVIDADES QUE DESPERTAM MAIOR INTERESSE DAS CRIANÇAS
A CONCEPÇÃO DE CAPOEIRA
O PROFESSOR DE CAPOEIRA
A PRÁTICA DA CAPOEIRA NA EDUCAÇÃO INFANTIL
 
Análise e Conclusão
 
Após analisarmos os dados concluímos que estamos diante de um fenômeno revolucionário dentro do universo da capoeira com as suas adaptações dentro da sociedade e em especial no cenário da educação infantil (primeira infância que contempla dos 02 aos 06 anos de idade). Em dado momento ela estava nas senzalas e era a arma dos negros escravos para alcançarem a liberdade. Passou então por uma fase de marginalidade onde ser capoeirista, significava pertencer a alguma malta ou bando e estar sujeito a penas como prisão ou deportação. Hoje vive um cenário promissor ganhando o planeta e tendo como resposta o trabalho pedagógico através da prática biopsicossocial.
 
Com a sua transição, e acompanhada de figuras ilustres como Mestre Bimba, Mestre Pastinha, Annibal Bulamarqui, Mestre Waldemar da Liberdade entre outros, a capoeira se tornou uma poderosa ginástica e um método de ensino que levava à sociedade disciplina e saúde. Mesmo que influenciada por um conceito higienista (defesa da educação física nas escolas para a eugenização da raça brasileira, implantação de hábitos saudáveis, salientando o seu aspecto simbólico, cultural e histórico)
 
Então, o Presidente Vargas derruba o decreto que fazia da capoeira um crime e transpõe a sua prática para instituições de ensino e ambientes fechados. Ela ganha as escolas, as universidades as instituições militares. Mas como fazer com que se adequasse a estes novos ambientes? Ambientes estes em geral distintos às senzalas e navios negreiros, as ruas e praças. E isto, ainda, sem perder suas raízes e seus fundamentos.    
Enxergamos então, com base nestes estudos e pesquisas a habilidade e a criatividade dos educadores sociais (mestres/professores de capoeira) em propagar a capoeira e utilizá-la como ferramenta pedagógica e de inclusão social . A sua história está entrelaçada com as raízes da escravidão e a sua prática é algo mágico para quem realiza e belo a quem admira.
 
Nas escolas de educação infantil, a capoeira ganha o respeito e a admiração das crianças. Notamos que de fato, isto se deve muito à didática e a metodologia do professor que está dirigindo a modalidade. Contudo, uma roda de capoeira é singular, é única. E neste espaço a criança se alegra, salta, gira e retira deste momento o melhor resultado.
 
A aceitação da capoeira, pelos mais diversos meios da sociedade, melhorou nos últimos cinco anos e ainda não sabíamos em que ponto isto se encontrava. Certamente, até mesmo para nossa surpresa, as respostas concedidas nas pesquisas realizadas pelo nosso projeto, nos levaram a concluir que os pais acreditam nos benefícios físicos e sociais através da prática da capoeira. E que certamente a cultura ainda é muito valorizada, apesar de sofrer enormes transformações de caráter e conteúdo.
 
Não cabe a nós, descartarmos o preconceito, embutido em nossa sociedade e que certamente ainda dificulta o trabalho de muitos professores e mestres. Não só na capoeira, mas com diversas manifestações que construíram a herança cultural do povo como o maculelê, o samba de roda, a puxada de rede as danças regionais como o carimbó, a catira e o maracatu, enfim; uma série de temas trabalhados juntamente com a herança cultural dos africanos que proporcionam ao professor de educação corporal um “arsenal” de brincadeiras e possibilidades. Em dados momentos na análise das respostas, isto ficou evidente, porém em pequeno percentual (cerca de 18% das respostas)
 
O processo de explicitação do valor da capoeira e de suas tradições se faz necessário e afirmamos que é até importante para a sua riqueza enquanto cultura e não produto de consumo em massa. Cabe ao educador de capoeira quebrar com este paradigma e sanar dúvidas e até mesmo sofismas que estão “embutidos” no imaginário popular; o chamado inconsciente coletivo.
 
As construções de idéias e conclusões por parte da sociedade dependem muito do que estes enxergam na mídia e, alguns programas exibidos em canais abertos e fechados de televisão recentemente para a população, já associam a capoeira com educação e isto certamente influenciou os pais nas respostas de caráter qualitativo que obtivemos com nossas pesquisas, já que alguns até comentaram a nós que haviam assistido algo sobre capoeira relacionado com educação e inclusão social em programas de televisão.
 
Certamente, o trabalho de alguns mestres e professores, com qualidade e realizando bons eventos, também contribuiu para a melhoria no campo de inserção da capoeira. Isto servirá como base para que futuramente outros professores possam ter o reconhecimento de sua profissão como mestres de capoeira e/ou educadores de capoeira sem sofrerem preconceito ou discriminação.
 
Conseguimos ainda concluir que a imagem do mestre/professor de capoeira está ligada a disciplina e sabedoria. Quebrando um padrão “marginalizado” e que sempre associou a capoeira com “malandragem”. Cerca de 80% dos entrevistados fizeram associação dos professores de capoeira com palavras como “educação” e “disciplina”. Não alvo de nossa pesquisa, mas nitidamente notado, foi a diplomação do capoeirista no ambiente acadêmico. Buscando agregar aos seus conhecimentos novas perspectivas biológicas, humanas ou sociais.
 
Portal Capoeira PESQUISA: O COMPORTAMENTO DOS PAIS EM RELAÇÃO À PRÁTICA DA CAPOEIRA NA EDUCAÇÃO INFANTIL Publicações e Artigos Contudo, a capoeira ainda precisaria ser implantada por um número maior de escolas e unidades de educação infantil em razão da promissora mão-de-obra existente no mercado, pois apenas 30% dos entrevistados reconheciam a modalidade na escola em que seus filhos lecionavam. Talvez a construção de bons projetos nesta área, publicidade ou até programas de incentivo, poderiam proliferar o número de escolas de educação infantil que optariam pela prática da capoeira. Este processo, de certa forma foi identificado, pois no último ano a procura por professores de capoeira nas unidades de Educação Infantil quase triplicou com base nos coordenadores e proprietários que nos procuram para implantar o projeto de capoeira nas suas instituições. Que este estudo seja capaz de apontar ao profissional que lida com capoeira a missão que está sob sua responsabilidade. Preencher os espaços que estão nos abrindo e ainda conscientizar educadores e coordenadores pedagógicos da importância de nossa arte dentro do universo educacional. Uma arte que ganha espaço a cada dia, mas que precisa ser muito bem conduzida para não perder a direção em que caminha.
 
Adeus, Adeus! Boa Viagem
 
Pesquisa Realizada pelo Projeto Beija-Flor Capoeira Para Todos
Data: Março de 2006 à Agosto de 2006
Responsáveis pela Pesquisa de Campo
Ricardo Augusto da Costa
Rodrigo César Gomes da Silva
Análise Prof. Cristiane Guzzoni
 
Para obter a pesquisa da integra enviar pedido no e-mail: [email protected]
Visite: http://bfcapoeira.vilabol.com.br

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