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O legado das senzalas

Filha de escravos africanos e nascida em terras brasileiras, a capoeira camufla arte marcial em dança, contagia e gera paixões aqui e no resto do mundo.

A história da capoeira se funde com a própria história do Brasil. Embora seja possuidora de raízes africanas, é no solo brasileiro que ela realmente se firmou e floresceu até os dias de hoje.

Causadora de grandes polêmicas, a mesma capoeira que gerou – e ainda gera – certa resistência e preconceito, também suscita grandes paixões. Nilson Rosa, 45, conheceu a arte cedo – aos 16 anos – e se identificou. Hoje, além de diretor da Secretaria Municipal de Cultura eTurismo, Nilson é mestre de capoeira, algo que para ele é um sonho que se tornou realidade.

Assim como os outros esportes, este também traz vários benefícios à saúde. Dentre eles, a melhora da condição física e o retardo do envelhecimento. Mas o diferencial também está presente nos benefícios não físicos. “A capoeira ensina o ser humano a ser mais humano. Ela é o tempo inteiro igualdade e união”, conta o mestre Nilson.

Mas se há tantas vantagens, qual é o motivo de o preconceito ainda existir? Para o mestre, é simples: “As pessoas tem resistência ao que é invisível e desconhecido. Por ter sido criada pelos escravos, a capoeira tem a famade ser algo para os desocupados”. Embora muita coisa da história não esteja escrita, o mestre Nilson passa seu conhecimento aos alunos, contando para eles as histórias do folclore brasileiro e o legado deixado pelos escravos. “Ainda que a capoeira pareça distante, esta arte originada como forma de autodefesa camuflada em dança está mais do que presente em nossasvidas.

Se antes os escravos viviam em senzalas e tinham como inimigo comum o senhor de engenho, hoje moramos em cidades e enfrentamos a dureza do cotidiano”.

Em Jaú, a capoeira está em sua sexta geração. A primeira delas contou com o mestre Bimba, que treinou diretamente com os escravos e passou seus conhecimentos ao mestre Suassuna. O mestre Suassuna ensinou Nino, que por sua vez foi mestre de Betão.

Quando Betão faleceu, Nilson – que já treinava há cerca de 10 anos – se tornou mestre, e hoje passa aos seus alunos a arte capoeirística, até o dia em que alguém se levante e então seja um mestre da sétima geração em Jaú.

A capoeira é uma mistura de tradições e segredos, de golpes e gingas. É como disse o mestre Pastinha, “jeito de escravo com ânsia de liberdade. Seu princípio não tem método, e o seu fim é inconcebível ao mais sábio dos mestres”.

 

Fonte: http://www.redebomdia.com.br/Noticias/Viva/62690/O+legado+das+senzalas

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