A RELAÇÃO COMPLEMENTAR ENTRE ANGOLA E REGIONAL

O "branco" entra na "regional" de Mestre Bimba para aprender a brigar usando os dotes físicos adquiridos pela prática da capoeira e se deixa encantar pelo jogo de capoeira alcançando insensivelmente a capoeira lúdica de Mestre Pastinha através o jogo "de dentro" e de Iuna.
O "negro" dança o jogo de capoeira de Pastinha desenvolve reflexos, elasticidade mioarticular, força, equilíbrio, e coragem. Adquirindo instintivamente um sistema de defesa, de grande eficiência, baseado nos movimentos e reflexos adquiridos no jogo de capoeira.
A capoeira se desenvolve num processo circular, bi-polar, concordante com o sistema dialético da teoria Yin/Yang, consoante o qual em todo jogo existe a semente da maldade e em toda luta encontramos movimentos portadores do germe lúdico, dentro do conjunto do aperfeiçoamento do Ser.
De modo similar , enquanto Mestre Pastinha enfatizou os aspectos metafísicos, éticos e até religiosos da capoeira, preocupando-se com a perpetuação da sua obra; Mestre Bimba dedicou-se sobretudo aos componentes pragmáticos, legalização da sua prática, o aperfeiçoamento de sua técnica e a sua aplicação à defesa pessoal.
A complementação do embasamento somático pelos fundamentos psíquicos através as duas correntes geradas pelos criadores dos estilos "regional" e "angola", garante a unidade da capoeira como jogo e luta, ao tempo em que a transforma no "jeito brasileiro de aprender a ‘ser-estar’ no mundo" a que se refere César Barbieri, abrindo um leque de aplicações pedagógicas e terapêuticas cujos limites são imensuráveis.

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