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Almirante Negro o Marinheiro Absoluto

João Cândido – A Luta pelos Direitos Humanos

Projeto Memória, em sua 11ª edição homenageia João Cândido, principal líder da Revolta da Chibata ocorrida em 1910.

Acreditamos na importância da valorização de personagens que contribuíram para a formação nacional brasileira – seja através de obras escritas, como de ações concretas, exemplos, palavras e gestos criativos e transformadores. Este livro fotobiográfico, distribuído para mais de 5 mil bibliotecas públicas em todo o país, resulta de pesquisa em importantes acervos documentais (textos e imagens) que trazem à tona a história, nem sempre bem divulgada, das condições de vida da maioria da população brasileira e dos caminhos encontrados para sobreviver e, mesmo, alterar tais situações. Está claro que não se pode mudar o que já passou, mas é possível modificar nossa percepção sobre este passado.

O Projeto Memória, uma iniciativa da Fundação Banco do Brasil em parceria com a Petrobras, associando-se neste ano à Associação

Cultural do Arquivo Nacional (ACAN), reconhece que a história de um país é ponto chave para compreendermos o presente e prepararmos o futuro. Trazer à tona a permanência das teias do passado (gerado, primordialmente, pelo trabalho escravo e baseado na grande agricultura monocultora de exportação) é tocar em preconceitos, desigualdades e violências ainda hoje mal resolvidos, apesar das conquistas e melhorias.

E tal escolha do tema aponta, sobretudo, para a disposição em transformar democraticamente tal realidade, valorizando a afi rmação dos Direitos Humanos no Brasil em suas variadas dimensões.

Tal iniciativa ocorre num momento em que o Estado nacional brasileiro começa a assumir postura expressiva diante do legado de

João Cândido e dos marinheiros que participaram da rebelião – e que pode ser resumida na concessão de anistia póstuma a estes personagens, aprovada por unanimidade no Congresso Nacional e sancionada pelo presidente da República em 23 de julho de 2008, além de outras iniciativas oficiais e, sobretudo, da sociedade civil.

É responsabilidade coletiva garantir que os Direitos Humanos sejam realidade para todos, independente de posição social, nível de instrução, gênero, religião, cor da pele, opção política, etc. 

Aproximando-se o centenário da Revolta da Chibata, podemos constatar que a vida de João Cândido traz muitas lições para aprendermos e ensinarmos: virar as páginas de sofrido passado em direção a um futuro melhor.

ACAN . PETROBRAS . FUNDAÇÃO BANCO DO BRASIL

 

Bio WiKi:

Nasceu em 24 de Junho de 1880, na então Província (hoje Estado) do Rio Grande do Sul, no município de Encruzilhada (hoje Encruzilhada do Sul), na fazenda Coxilha Bonita que ficava no vilarejo Dom Feliciano – o quinto distrito do Município Encruzilhada, que havia sido distrito de Rio Pardo até 1849. Filho dos ex-escravos João Felisberto e Inácia Cândido Felisberto, apresentou-se, ainda com treze anos, em 1894, na Companhia de Artífices Militares e Menores Aprendizes no Arsenal de Guerra de Porto Alegre com uma recomendação de atenção especial, escrita por um velho amigo e protetor de Rio Pardo, o então capitão-de-fragata Alexandrino de Alencar, que assim o encaminhava àquela escola. Em 1895 conseguiu transferência para a Escola de Aprendizes Marinheiros de Porto Alegre, e em dezembro do mesmo ano, como grumete, para a Marinha do Brasil, na capital, a cidade do Rio de Janeiro.

Desse modo, nos anos 1890, época em que a maioria dos marinheiros era recrutada à força pela polícia, João Cândido alistou-se com o número 40 na Marinha do Brasil em Janeiro de 1895, aos 14 anos de idade, ingressando como grumete a 10 de dezembro de 1895.

Em depoimento para a Anamnese do Hospital dos Alienados em abril de 1911 e para a Gazeta de Notícias de 31/12/1912, João Cândido afirma ter sido soldado do General Pinheiro Machado, na Revolução Federalista, em 1893, portanto antes de entrar para a escola de aprendizes do Arsenal de Guerra de Porto Alegre.

Teve uma carreira extensa de viagens pelo Brasil e por vários países do mundo nos 15 anos que esteve na ativa da Marinha de Guerra (17 anos, se contar os 2 anos de prisão, após a Revolta). Muitas delas foram viagens de instrução, no começo recebendo instrução, e depois dando instrução de procedimentos de um navio de guerra para marinheiros mais novos e oficiais recém-chegados à Marinha.

A partir de 1908, para acompanhar o final da construção de navios de guerra encomendados pelo governo brasileiro, centenas de marinheiros foram enviados à Grã-Bretanha. Em 1909 João Cândido também para lá foi enviado, onde tomou conhecimento do movimento realizado pelos marinheiros russos em 1905, reivindicando melhores condições de trabalho e alimentação (a revolta do Encouraçado Potemkin, que virou filme do diretor Sergei Einsenstein em 1925).

Tornou-se muito admirado pelos companheiros marinheiros, que o indicaram por duas vezes para representar o “Deus Netuno” na travessia sobre a linha do equador, e muito elogiado pelos oficiais, por seu bom comportamento, e pelas suas habilidades principalmente como timoneiro. Era o marinheiro mais experiente e de maior trânsito entre marinheiros e oficiais, a pessoa indicada para liderar a revolta, na opinião dos demais líderes do movimento.

 

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