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Macau: O Brasil que não vende

Capoeira é a última novidade. No que toca à cultura brasileira, Macau tem alguma variedade. Há restaurantes, futebol, jiu-jitsu, música e entretenimento. No entanto, a comunidade continua insatisfeita. Por estes lados, ao contrário da China Continental, a marca Brasil não é sinónimo de sucesso garantido.

A avaliação é feita por Jane Martins, uma das fundadoras da Associação Casa do Brasil em Macau, criada no princípio deste ano: “Já estou em Macau há 24 anos. Começou a ouvir-se mais música brasileira, de cinema não há nada e existe uma grande falta de literatura. Não sinto que tenha havido um grande progresso”, diz.

Para Jane Martins, a marca Brasil está mais consolidada na China Continental, devido às relações comerciais entre os dois países. Mesmo assim, o comércio predomina sobre a cultura. E em Macau? “O público chinês local só gosta do futebol e da comida. Não ligam para a cultura”, lamenta.
No território, a fórmula canarinha só funciona em alguns sectores. Nos outros, há que improvisar e apostar em diferentes vertentes.

No que toca à gastronomia, primeiro estranha-se e depois entranha-se. Existem três restaurantes da especialidade na RAEM. O primeiro a abrir foi o Churrascão, em 2006. “Nota-se que as pessoas conhecem cada vez mais o conceito brasileiro. A marca é rentável”, sublinha o gerente e proprietário, Eric Peres.

“Para os estrangeiros, vende sempre bem. Não é preciso gastar muito em marketing. Para o cliente chinês, é preciso explicar primeiro”, acrescenta a sub-gerente do restaurante Fogo Samba, Thais Pinheiro. O segredo para atrair a clientela chinesa e asiática, continua, é “quebrar o gelo” da primeira impressão.

Na área da comida rápida, Josecler decorou o seu espaço “Brazilian Hot Dog” com as cores da bandeira do seu país. O efeito é o desejado: “Chama a atenção, porque é o Brasil”. Hoje, diz ter uma clientela fixa.
A mesma táctica foi aplicada na sua escola de futebol. Na International School, estabelecimento de ensino com quem tem uma parceria, “uso o meu nome associado ao Brasil. O futebol brasileiro é apreciado, é ‘top level’ e isso facilita muito”, reconhece o ex-futebolista.

O samba não chega

Do lado do desporto, cada modalidade vale por si. A origem não tem impacto comercial. Criada em 2007, a Associação de Jiu-jitsu Brasileiro de Macau funciona por “passa palavra” e está a “crescer devagarinho”, à custa de uma turma flutuante composta essencialmente por expatriados.
“Não posso dizer [que esse crescimento] se deva ao facto de ser brasileiro. É mais pela arte marcial que, hoje em dia, é considerada uma das mais eficazes do mundo para defesa pessoal”, aponta o vice-presidente da organização, Tiago Afonso.
Ainda a dar os primeiros passos em Macau, no ginásio Universal Yoga, o mestre de capoeira Edy Murphin (ver texto nesta página) também não se fia na marca Brasil. “Não ponho só a marca Brasil, vendo a marca capoeira e o desporto. Passo a mensagem: fez muito bem para mim e também vai fazer para você”, afirma.

E, através da prática desportiva, comercializa cultura. “Faço os asiáticos se abraçarem. Coloco um pouco desse nosso jeito e acabam pegando. Os alunos não só aprendem capoeira e defesa pessoal, mas também o português e a música”, assegura.
Sem motivos para lamentos está o proprietário do grupo Dança Brasil. O negócio iniciado em 2003 vai de vento em popa e nem a crise financeira afecta as solicitações deste grupo que tem presença marcada no Festival Internacional de Artes de Pequim.

Wallas Silva conquistou o sucesso à custa de adaptação e aculturação. As “fantasias”, por exemplo, são mais fechadas do que o habitual.
A par disso, é “preciso variar”. Ao samba e às danças brasileiras, o Dança Brasil acrescentou hip hop, Bollywood, jazz, cancan, entre outros. “Deixei de me concentrar tanto no Brasil, mudei para vários tipos de entretenimento e senti uma mudança na resposta do cliente”, conclui.

 
Fonte. http://www.hojemacau.com

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