Major Miguel Nunes Vidigal

Um ano após a chegada de D. João VI (1808), criou-se a Secretaria de Polícia e foi organizada a Guarda Real de Polícia, sendo nomeado para sua chefia o major Nunes Vidigal, perseguidor implacável dos candomblés, das rodas de samba e especialmente dos capoeiras, “para quem reservava um tratamento especial, uma espécie de surras e torturas a que chamava de Ceia dos Camarões”. O major Vidigal foi descrito como "um homem alto, gordo, do calibre de um granadeiro, moleirão, de fala abemolada, mas um capoeira habilidoso, de um sangue-frio e de uma agilidade a toda prova, respeitado pelos mais temíveis capangas de sua época. Jogava maravilhosamente o pau, a faca, o murro e a navalha, sendo que nos golpes de cabeça e de pés era um todo inexcedível". Sobre ele, também disse Mário de Andrade: "O Major Vidigal, que principia aparecendo em 1809, foi durante muitos anos, mais que o chefe, o dono da Polícia colonial carioca. Habilíssimo nas diligências, perverso e ditatorial nos castigos, era o horror das classes desprotegidas do Rio de Janeiro. Alfredo Pujol lembra uma quadrinha que corria sobre ele no murmúrio do povo:
 
Avistei o Vidigal.
Fiquei sem sangue;
Se não sou tão ligeiro
O quati me lambe.
 
(Mário de Andrade, introdução às Memórias de um Sargento de Milícias, São Paulo, 1941).
 
*Em 10 de julho de 1843 faleceu no Rio o Marechal Miguel Nunes Vidigal, capoeira exímio e que apareceu, como o Major Vidigal, no livro "memórias de um sargento de milícias", um dos clássicos da nossa literatura.

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