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Mestre Acordeon: Diários de bicicleta

Desde 2008, a cada 18 de outubro, brasileiros e norte-americanos festejam o Mestre Acordeon Day na cidade de Berkeley (EUA). On the road, de bicicleta, o baiano de 71 anos fez sua jornada de herói

Uma história é feita de décadas de tempo, a outra, de milhares de quilômetros. Em determinado momento, se encontram, como numa encruzilhada. Capoeira já foi crime previsto pelo código penal brasileiro, hoje corre o mundo incensada. No próximo sábado, 18, a cidade de Berkeley, nos Estados Unidos, vai celebrar o Mestre Acordeon Day, como acontece desde 2008. O ilustre homenageado vive lá há 35 anos. Aos 70, já tendo feito de um tudo – deu milhares de aulas, escreveu livros, compôs músicas, gravou discos, participou de documentários -, decidiu partir para a viagem de uma vida. Em setembro de 2013, saiu de bicicleta da baía de São Francisco tendo como destino a Baía de Todos-os-Santos, beira de onde nasceu.

Quando começou a contar a ideia para a família e para os amigos, unanimemente acharam que ele estava ficando doido. Foi, então, “racionalizando” o plano. Ia ficar um ano fora da academia, mas da viagem sairiam mais um livro, mais um disco, mais um filme. Para justificar perfeitamente, estabeleceu que o dinheiro arrecadado com a venda desses produtos seria destinado ao Projeto Kirimurê, que criou há oito anos para enriquecer a vida de crianças e adolescentes do bairro de Itapuã. Por trás do discurso, era outra a verdade maior. “O que eu queria mesmo era fazer uma imersão pessoal, uma investigação de mim mesmo”.

Seu desejo era estar só, ao sabor do vento, mas os alunos foram se empolgando com a travessia. Quando viu, estava como Forrest Gump, cheio de seguidores. Em cada canto onde parava para conhecer grupos de capoeira, mais gente se juntava ao grupo. Chegou a contar 29 bicicletas na comitiva. Quando chegou a Salvador, depois de pedalar cerca de 20 mil quilômetros em um ano e 12 dias, eram 15 ciclocapoeiristas. Entre eles estava a americana Suellen Einarsen, 57, mais conhecida como mestre Suely, esposa de mestre Acordeon. Ela ficou com tanto medo de todas as coisas ruins que poderiam acontecer que preferiu ir junto, em vez de ficar só imaginando.

Ainda nos Estados Unidos, a armada criou uma plataforma de financiamento coletivo para custear a viagem, mas desde sempre tratava-se de ter disposição e coragem. Seguindo pela rodovia pan-americana, a ajuda foi chegando de muitas partes. Com um “buenas tardes, señor”, saíam comida, suco, um lugar para passar a noite. Às 4 da manhã, já estavam de pé, para aproveitar o dia, quando rodavam 80, 90, 100 quilômetros. Além do desgaste físico, tinha o sol forte, o vento de derrubar, a chuva insistente. “Essa canseira não me ganha”, Acordeon repetia, desafiando a si mesmo.

Fonte: http://atarde.uol.com.br/

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