O golpe, a ingratidão e o descaso
O golpe, a ingratidão e o descaso…
Em 1971 aos oitenta e dois anos de idade, Pastinha já quase cego por causa de uma catarata, é obrigado pela prefeitura a se retirar do casarão, que entraria em reformas, com a promessa de que assim que estivesse pronto poderia voltar. E voltou?
Mestre Pastinha teve então que se mudar. Foi morar na Rua Alfredo Brito n° 14 no Pelourinho, em um quarto escuro, úmido e sem janelas. Único lugar que dava para pagar com o mísero salário que recebia daprefeitura, já que não podia contar mais com o dinheiro das aulas. Ainda na mudança, foram perdidos muitos móveis, quadros que o mestre pintava e fotografias, que juntos hoje, constituiriam um grande acervo cultural da nossa história.
Para piorar o prédio foi doado para o Patrimônio Histórico da Fundação do Pelourinho que posteriormente o vendeu para o SENAC que transformou o prédio em um restaurante.
Este foi um dos maiores absurdos praticados contra a nossa cultura. Mestre Pastinha foi usado, enganado e abandonado.
Tristeza
Após a mudança e a perda de sua academia, Pastinha entra em uma profunda depressão e em 1979 com 90 anos é vítima de um derrame cerebral, que o levou a ficar internado por um ano em um hospital público. Após esse período foi enviado para o abrigo para idosos Dom Pedro II, onde permaneceu até a sua morte. Mestre Pastinha morreu cego, quase paralítico e abandonado.
No dia 13 de novembro de 1981, aos 92 anos, o Brasil perdia um dos seus maiores mestres. Não só o mestre da capoeira angola, mas o mestre da filosofia popular. O menino fraco e magrinho que conquistou o respeito e admiração do mais forte.