Jovens músicos levam a cultura baiana para fora do Brasil

Jovens músicos levam a cultura baiana para fora do Brasil

De volta às terras soteropolitanas desde 23 de novembro, após um intercâmbio em Viena, Áustria,  os alunos da Escola de Educação Percussiva Integral – EEPI, Gladson Conceição e Edson Mota, planejam mostrar o que aprenderam durante a viagem com  aulas e workshops.

Eles foram para a capital austríaca a partir de um processo seletivo promovido pela EEPI e seus parceiros. Os rapazes já passaram por todas as etapas de formação  e seguem os passos do idealizador e diretor da instituição, o percussionista Wilson Café.

A oportunidade surgiu durante as avaliações rotineiras da escola, onde estudam há nove anos. Eles  não imaginavam que, em meio às provas, estava um teste que terminaria  em um intercâmbio de duas semanas em Viena, capital da Áustria.

Lá – onde Wilson Café foi nomeado Embaixador da Paz em julho deste ano pela Abrasa, associação civil que fomenta o intercâmbio cultural entre Brasil e Áustria -, os jovens participaram dos workshops ministrados por Café, dando suas próprias aulas e abordando aspectos da cultura do Norte e Nordeste. “Edson falou para uma plateia explicando sobre a cultura, a diversidade cultural do Brasil. Gladson falou da parte da música”, diz Café.

No outro lado do mundo

Gladson e Edson desembarcaram em Viena com a temperatura beirando os 3º C. Entre visitas à Escola de Música de Mozart, à casa onde o compositor nasceu e  à Embaixada Brasileira na Áustria (onde levaram de presente uma peça da exposição Máscaras, uma homenagem da EEPI ao centenário de Abdias do Nascimento, que culminou na criação do Acervo Para Matrizes Africanas da Cultura Brasileira na embaixada em 20 de novembro), Edson e Gladson se surpreenderam com o interesse do povo austríaco pela cultura baiana.

“Eles não tinham conhecimento algum que aquele instrumento de uma corda só tinha várias notas”, diz Edson Mota sobre a curiosidade dos alunos de Viena pelas notas musicais produzidas pelo berimbau.

O interesse pelo português, em seu aprendizado e exercício, foi um dos aspectos de maior choque para os estudantes baianos, como conta Gladson Conceição. “Eu fiquei besta de ver um alemão cantando as músicas da capoeira limpinhas em português”.

Em meados de agosto de 2015, será a vez da  Escola de Educação Percussiva Integral receber alunos da Áustria. Na ocasião, 20 estudantes europeus virão ao Brasil para ver de perto o que lhes foi contado pelos garotos.

Antes do embarque

Gladson e Edson descobriram em outubro que representariam a escola no exterior. Em 9 de novembro,  acompanhados de Wilson Café, deixaram o Brasil para conhecer um novo país e levar um pouco da bagagem cultural de Salvador.

“O que eu espero é conhecer os lugares e ter mais informações”, disse Edson Mota um dia antes do embarque. Aos 20 anos e cursando  Letras/Espanhol na Universidade Federal da Bahia, ele tinha 11 anos de idade quando ingressou na EEPI.

Prestes a embarcar para Viena, a expectativa de estar em um lugar novo era difícil de ser ignorada. Gladson Conceição, que, aos 18 anos, tem uma forte ligação com a música e com a capoeira, mostrava sua preocupação com o clima frio da região enquanto fazia planos para a viagem. “Quero passar um pouco do que eu aprendi para outras pessoas”, conta.

Durante a viagem de duas semanas, os garotos acompanharam o percussionista e professor Wilson Café em seus workshops, ministrados inteiramente em língua portuguesa, aos estudantes interessados em conhecer sobre a cultura afro-brasileira, a capoeira e os instrumentos de percussão.

Educação com o tambor

O percussionista Wilson Café realizava workshops sobre instrumentos percussivos no Brasil e no exterior quando foi convidado por Roberto Corriea Lima, do Banco Interamericano de Desenvolvimento, para  um projeto social destinado a crianças e adolescentes de Salvador. A ideia, no começo, parecia assustadora. “Eu nunca esperava ter uma escola”, conta Café.

Mas, em 2001, a Escola de Educação Percussiva Integral foi inaugurada no bairro do Cabula, em um espaço até então abandonado, cedido pela Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia.  O funcionamento, no entanto, só aconteceu dois anos depois, quando a EEPI foi equipada.

Com cerca de 150 estudantes, a Escola é voltada para jovens de 12 a 16 anos, com renda familiar menor do que um salário mínimo, e  matriculados na rede pública de ensino. Os jovens são estimulados a empreenderem em sua formação como um músico completo. “Não é só chegar e tocar. Tem que entender toda a filosofia”, explica Café.

Fonte: http://atarde.uol.com.br/

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