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Frevo: Dança e estilo de música nasceram ao mesmo tempo

O que é o frevo? Um tipo de música, uma dança? Embora nos dias de hoje as duas coisas se confundam, a palavra “frevo” originalmente se referia, segundo os especialistas no tema, à parte musical da conhecida manifestação popular – o “passo” seria, portanto, a dança corresponde ao estilo musical. Mas a verdade é que frevo, nos dias de hoje, significa música e dança. É impossível separar as duas coisas. Mas nem sempre foi assim.
 
O pesquisador Leonardo Dantas Silva afirma que não é possível determinar quem veio primeiro, se o frevo ou o passo. Na verdade, ele concorda com o pesquisador Valdemar de Oliveira. O lendário folclorista escreveu no livro “Frevo, Capoeira e Passo”, em 1971, que dança e música nasceram ao mesmo tempo, e foram fruto de um choque, no mínimo, excêntrico: a capoeira e as marchas militares.
 
O que aconteceu foi um fenômeno interessante e peculiar. Em meados do século XIX, as cerimônias de troca de guarda nos quartéis exigiam que as bandas militares desfilassem pelas ruas, várias vezes por dia. Aos poucos, praticantes da capoeira – geralmente negros, ex-escravos e pessoas egressas das camadas mais humildes da população do Recife – desenvolveram o hábito de acompanhar os cortejos, executando passos de dança improvisada.
 
O pesquisador Francisco Augusto Pereira da Costa definiu assim, em 1974, o ‘capoeira’: ““O nosso capoeira é antes o moleque de frente de música, em marcha, armado de cacete, e a desafiar os do partido contrário [ou seja, as bandas rivais], que aos vivas de uns, e morras de outros, rompe em hostilidade e trava lutas, de que não raro resultam ferimentos, e até mesmo casos fatais!”.
 
Dantas Silva explica que naquela época o frevo não era diretamente associado ao Carnaval. “As bandas militares desfilavam durante o ano inteiro, e a capoeira ganhou acompanhamento musical, formando o embrião do frevo”, afirma.
 
Segundo o historiador e folclorista pernambucano, registros nos jornais da época mostram que o Governo de Pernambuco ficou tão preocupado com as primeiras manifestações daquela dança que proibiu a capoeira em 1856, quando os praticantes da nova arte já dançavam o passo durante os desfiles militares, embora a palavra “frevo” ainda não fosse pronunciada.
 
Por que a proibição? Porque eram desfiles violentos: os dançarinos, quase sempre negros e pobres, brandiam porretes ou facas, e não era raro que a dança descambasse para a violência. “Os capoeiras adotavam uma banda marcial como a de sua preferência, e considerava adversário quem não compartilhasse da mesma ‘torcida’. Pernadas, golpes com pau de quiri, espetadas com faca, punhal eram distribuídos com os partidários da banda adversária”, escreveu o jornalista e crítico de música José Teles.
 
A proibição não era exclusiva do Recife, tendo ocorrido também no Rio de Janeiro. Enquanto no sudeste a proibição foi obedecida à risca, em Pernambuco ela não valeu por muito tempo. Ruy Costa, autor do livro “História Social do Frevo”, vislumbra nesta fase a associação do frevo à época do Carnaval.
 
Mais rebeldes e afoitos, os antigos ‘capoeiras’ diminuíram os cortejos dançantes, encontrando um refúgio razoavelmente seguro para praticar sua arte: os clubes carnavalescos de rua, que começavam a nascer pelas mãos das classes mais baixas. A nova dança passava a ficar mais restrita à comemoração do Carnaval. Aos poucos, o frevo ia tomando forma.
 
Por Rodrigo Carreiro
Da Redação do pe360graus.com
 
Fonte: http://pe360graus.globo.com/diversao360/matler.asp?newsId=64166
 
 


Foto: "Frevo", foto tirada por Pierre Verger em Recife, em 1947; obra do francês tem 60 mil imagens

 

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