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Pelotas & a Abolição da escravatura Brasileira

Pelotas & a Abolição da escravatura Brasileira

Primeiro estado brasileiro a abolir a escravidão foi o Ceará em 1860 bem antes da abolição acontecer em 1888.

O segundo estado a abolir a escravidão antes de 1888 foi o Rio Grande do Sul, em específico na cidade de “PELOTAS”.

Quando foi anunciado o decreto de abolir a escravidão nesta cidade o resto do estado chamaram de “froxo e covardes”, derivando o que era na época, uma ofensa grande, chamar alguém de “GAY”, colocando em causa a sexualidade de alguém no qual foi um ato totalmente ao contrário, foi um ato destemido de valentia por ter dado a liberdade aos escravos.

Historicamente daí vem todo o pejorativo sobre a masculinidade do povo da cidade de Pelotas que até hoje se extende em forma de “piadas” por todo o  território Brasileiro.

Quando se fazem piadas sobre gays referindo a cidade de Pelotas é um ato que remete a história de umas das cidades pioneiras no processo de Abolição da Escravatura no Brasil.

 

Pesquisa: Professor Magrela – Grupo Muzenza Capoeira

Fonte: Professor, Filósofo e Doutor em Educação Mario Sérgio Cortela – “As estruturas educacional rascista – 2004”.

 


Os redutos de escravos na cidade de Pelotas no século XIX

*Professor Joaquim Dias*

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Os redutos de escravos na cidade de Pelotas no século XIX – Professor Joaquim Dias
“Os escravos estavam, em muitos lugares do centro urbano da cidade, tentando desenvolver suas formas de sobrevivência dentro dos limites da lei e, por vezes, fora destes limites.
 
Alguns locais já eram conhecidos pela população como redutos de negros folgados, como as margens do arroio Santa Bárbara, como se referia, em 1863, Domingos José de Almeida, ao dar seu parecer sobre o local da construção da Praça das Carretas, hoje Praça Vinte de Setembro:
 
…servindo este pequeno terreno de foco de imoralidades, fundição de crioulos e entretenimento de escravos da cidade fora do alcance de policiais…
Ao investigarmos a documentação, verificamos que diversos locais da cidade poderiam ser lugares de sociabilidades de escravos, entre eles as tavernas, bodegas ou bares que serviam como locais de socialização, seja para beber aguardente, seja para carteado, seja para a venda de produtos roubados pelos escravos, com o conluio dos donos de botecos.
 
Muitas vezes podiam ser encontrados nos bares, embora fossem proibidas suas presenças.
 
Havia grande interesse dos donos de botecos em comprar produtos roubados por escravos, pois poderiam obter bons lucros na revenda dos mesmos. Já por parte dos escravos, a venda para bodegueiros representava uma enorme facilidade na revenda insuspeita de produtos roubados.
 
(…)
 
A região da várzea, onde se localizava o Porto da cidade, também aparece como um dos locais de socialização de escravos e libertos; esta região era conhecida por ajuntamentos de escravos e suas arruaças.
 
Tal fato pode ser explicado por dois motivos. Um deles é que embarcações com gêneros alimentícios chegados à cidade deveriam vender produtos, a miúdo, para a população em geral, por até dois dias após sua chegada no Porto, o que naturalmente atraía para essa região uma quantidade razoável de escravos e livres pobres.
 
Outro motivo poderia ser a grande concentração de bares e botecos na região, como podemos observar na seguinte reclamação publicada no jornal Correio Mercantil de 1883:
 
…À noite, é esta parte da cidade teatro de cenas escandalosas que as mais vezes terminam, em grosas pancadarias (…). Provém isto dos ajuntamentos de marinheiros dos navios surtos no porto, escravos de charqueadas e mulheres de má vida; ajuntamentos que tem lugar em algumas tabernas e botequins aqui existentes, apesar das contínuas visitas que lhe faz a polícia.
No documento acima mencionado vemos que a taverna é descrita como pólo irradiador da desordem, confluindo escravos, marinheiros e prostitutas; no entanto, podemos deduzir que estas pessoas foram classificadas como escandalosas e violentas por não se enquadrarem nos parâmetros sociais pensados para elas pela elite local.
 
Esta desordem denunciada pelo jornal poderia ser a ordem das ruas, com suas regras próprias, seus códigos de honra e valores específicos.”
 
Fonte: SANTOS, Leovegildo Silva dos. O cotidiano de escravos e livres pobres no espaço urbano da cidade de Pelotas no século XIX. In: Ágora Revista Eletrônica, Ano IX, no. 17, dez. 2013, p. 19-20

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