Conferência de abertura da edição 2006 do Fórum Cultural Mundial

Ministro da Cultura quer inclusão de “mestres sem diploma” em ensino formal

Rio, 25 (AE) – O Ministério da Cultura está atuando junto ao Ministério da Educação para que "mestres sem diploma", de "saberes informais", como por exemplo a capoeira , sejam reconhecidos e tenham a possibilidade de trabalhar no sistema formal de ensino.
 
O próprio ministro Gilberto Gil transmitiu a informação hoje durante a conferência de abertura do Fórum Cultural Mundial no Rio, com o tema "Arte e Cidadania".
 
Gil lembrou que a capoeira brasileira tem praticantes em diversos países e é "uma das razões por que (nós, brasileiros )somos amados" . O não reconhecimento dos capoeiristas "e mestres de tantas outras áreas da cultura brasileira" pelo sistema formal de educação "é uma limitação de cidadania, direitos e práticas reais", considera. Com o reconhecimento, essas pessoas poderiam "envelhecer transmitindo seus conhecimentos aos mais jovens".
Gil quer maior aproximação entre os dois Ministérios. "Penso que há coisas agora cujo avanço dependem de podermos reatar velhos laços com o Ministério da Educação e o sistema educacional do País, de construir pontes e corrigir os danos conseqüentes e inconseqüentes, ao mesmo tempo, de um divórcio que deixou muitos órfãos", disse. "O direito à cultura deve ser pensado como acesso à formação e à articulação como tal", afirmou também.
 
Depois, ao falar da cultura indígena, do convívio dos índios com a natureza, o ministro colocou como um desafio fazer com que "a produção de riqueza advinda dos conhecimentos ligados à biodiversidade ajudem a criar emprego e renda entre as populações que lhe deram origem". Argumentou: "onde está o valor senão na alta tecnologia imaterial desses conhecimentos (indígenas)?"
O ministro informou que o Ministério da Cultura está criando "formas de registrar os saberes e os sabores brasileiros e todo esse mundo criativo fora das escolas". Também está "flexibilizando as formas de registro autoral" que, de acordo com ele, por serem rígidas demais, acabam limitando o direito dos artistas.
 
"Hoje o reconhecimento dos saberes informais como tecnologia avançada começa a impulsionar um redesenho do próprio Estado brasileiro", disse. "Esses saberes desafiam uma redefinição da economia, da própria cultura, dos conceitos da propriedade intelectual e de valor", disse. 
 
Adriana Chiarini
Jornal do Estado – Curitiba, PR – Brasil
http://www.jornaldoestado.com.br 
 
 
Gil ressalta a Arte como “assimilação da cultura como cidadania”
Fonte: FCM
 
Neste sábado (25/11), na conferência de abertura da edição 2006 do Fórum Cultural Mundial, no Centro Cultural Ação da Cidadania, o ministro da Cultura do Brasil, Gilberto Gil Moreira, presidente de honra do FCM 2006, afirmou que “Arte e Cidadania têm uma relação muito mais ampla do que se pode imaginar”. Gil conceituou Arte como uma das vertentes da Cultura, representando a assimilação da Cultura como Cidadania.
 
Falando a uma platéia integrada por pessoas de mais de 40 países, Gil registrou ainda que o crescimento da ação dos meios de comunicação eletrônicos, com ênfase para aqueles baseados na informática, como a internet, tem contribuído de forma significativa para a aceleração do processo de globalização, fato que interfere fortemente nos diversos ambientes culturais.
 
O ministro brasileiro assinalou que cada pessoa é um criador de arte em potencial. E chamou a atenção para a necessidade de os governos se transformarem em motores da cultura, apoiando e estimulando a criação artística, em todas as áreas, a fim de evitar que essa globalização provoque o fim de tradições culturais importantes para cada sociedade específica.
 
Além de Gilberto Gil, participaram da Conferência de Abertura "Arte e Cidadania" a professora Heloísa Buarque de Hollanda, como moderadora; o escritor indiano Vikram Seth; o chairman do BASA (Business and Arts South África, órgão de fomento à cultura da África do Sul), Ivan May; o secretário executivo do Convênio Andrés Bello, na Colômbia, Francisco Huerta Montalvo; e o criador do Teatro do Oprimido, Augusto Boal.
 
Foi de Boal, aliás, uma das melhores definições do encontro, merecedora de longos aplausos, ao abrir seu discurso dizendo que “palavras são meios de transporte, como o trem, a bicicleta e o avião; a palavra Cultura é um enorme caminhão que suporta qualquer carga”.

Artigos Relatados

0 0 votos
Avaliar Artigo/Matéria
Subscribe
Notify of
guest
0 Comentários
Oldest
Newest Most Voted
Inline Feedbacks
Ver todos os comentários