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A mulher na capoeira

Lendo o livro “Mestres e Capoeiras Famosos da Bahia” do meu amigo e colaborador do Portal Capoeira, Pedro Abib, decidi que iria escrever algo específico sobre Maria Doze Homen, o que realmente não sabia era que esta leitura iria me levar para uma pesquisa mais aprofundada que acabou por me levar por um mar de informações sobre esta Mulher que ninguém bulia… no decorrer da pesquisa me deparei com este delicioso texto da Professora Criança… Tive o cuidado de anexar o documento original que contém belissímas ilustrações. Fica ainda a promessa de muito em breve brindar os nossos leitores com mais material sobre Maria Doze Homem.

Luciano Milani

 

A mulher na capoeira

Algumas das grandes referências femininas de força, garra, coragem e segurança retratadas na história remetem-nos à década de 1940, quando se destacaram as famosas “Maria 12 Homens”, “Calça Rala”, “Satanás”, “Nega Didi” e “Maria Pára o Bonde”, mulheres que se fizeram passar por homens para poderem conviver no meio da malandragem das rodas da capoeira.

Personagens lendárias como Rosa Palmeirão, a capoeirista que serviu de inspiração para Jorge Amado no romance Mar Morto, é também um desses exemplos. Respeitada e temida como a mulher mais “arretada” que sacudiu o cenário dominado pelas figuras masculinas, era Maria 12 Homens, uma capoeirista, assídua freqüentadora das rodas do Cais Dourado e da rampa do Mercado Modelo. O sobrenome de Maria, não está registrado na memória de Salvador, mas o apelido, segundo a lenda, foi pelo fato de ter conseguido levar 12 marmanjos a nocaute. Acima de tudo, essas mulheres fizeram o nome na história e buscaram seu espaço com muita astúcia e malícia. Em busca de liberdade, conseguiram sair vitoriosas, deixando seu registro para a posteridade.

Há vários mitos em torno de mulheres que fizeram de sua honra uma batalha de vida, tornando-se modelos de coragem e de determinação. Conta-se, por exemplo, que Aqualtune, filha do rei do Congo, comandou um grande exército de dez mil homens quando os Jagas invadiram seu território. Após tentar defender o reinado, acabou sendo derrotada e levada para um navio negreiro como escrava reprodutora. Foi obrigada a ter relações sexuais com um escravo, desembarcando em Recife grávida. No fim de sua gravidez, organizou uma fuga com outros escravos para Palmares.

Atualmente, as mulheres, símbolo de vitória e orgulho, vêm alcançando, cada vez mais, posições de destaque na política e no mercado, com melhores funções e diversos cargos importantes. Também no esporte, a mulher tem conquistado muitas medalhas, troféus e títulos. Na capoeira, como não poderia deixar de ser, a participação feminina tem sido cada vez mais freqüente, ajudando a fortalecer a modalidade. Ela toca, canta, joga, ministra aulas e participa de debates com muitos dos renomados mestres da arte. Maria 12 Homens, Calça Rala, Satanás, Nega Didi, Maria Pára o Bonde e Rosa Palmeirão, onde quer que estejam, têm muitos motivos para se ufanarem.

 

 

* Lilia Benvenuti de Menezes. Professora de Educação Física, professora do Grupo Muzenza e bicampeã mundial pela Super Liga Brasileira de Capoeira. Autora do livro “Benefícios Psico-fisiológicos da Capoeira”.

 

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