Capoeira “rejuvenesce” idosos em SP
Roda de capoeira adaptada à terceira idade quer reunir até cem idosos no Centro.
Alunos relatam melhoria na flexibilidade e coordenação motora.
A dona-de-casa Genny Corrêa, de 76 anos, tem 15 netos e dez bisnetos. Com esse currículo, não há quem não se surpreenda ao vê-la em ação em uma roda de capoeira. Sim, você leu isso mesmo: a septuagenária Genny é capoeirista.
Foi só um mês de aulas, mas ela já se destaca entre os colegas da mesma idade, gingando, cantando e tentando aplicar golpes. “O corpo da gente fica leve, gostoso. Nem parece que eu sou aquela idosa de 76 anos. Daqui um pouco vai parecer que a gente tem 50, 60 anos”, comenta a elétrica Genny.
Genny e outros 45 idosos (a maioria com mais de 60 anos) freqüentam a “Afromix – Capoeira para a melhor idade”, roda de capoeira comandada há um mês por Mestre Tico no Centro de Referência da Cidadania do Idoso (Creci), da Secretaria de Assistência e Desenvolvimento Social de São Paulo.
Mestre Tico adaptou a luta às limitações físicas dos alunos. “Tirei os movimentos mais violentos, mais rápidos, respeitando sempre os limites deles.” Piruetas, como a estrelinha, são proibidas. Golpes, só com moderação. Um exemplo disso são os chutes com movimento circular de perna, que têm de ser baixos, sem ultrapassar a linha do quadril para evitar o desequilíbrio.
‘Oi sim, sim, sim’
A capoeira desenvolve a auto-estima dos idosos, diz Mestre Tico. A cada movimento bem-sucedido, os colegas aplaudem. “Eles ficam alegres porque conseguiram. É um desafio gostoso”, diz Mestre Tico, que notou melhora no equilíbrio e coordenação motora dos alunos.
Além da ginga e dos golpes, os idosos aprendem as canções típicas da capoeira. “Oi sim, sim, sim. Oi não, não, não”, cantam os alunos enquanto gingam na roda. “Com os cantos afro, a gente extravasa e fica mais alegre”, comenta o vendedor aposentado Ivani Pereira da Silva, de 60 anos.
Os idosos dizem até que a capoeira rejuvenesce. “Gostei muito da capoeira porque mexe com todo o corpo e educa a mente. Minha saúde melhorou 100%. Espiritualmente, me sinto mais jovem”, afirmou o aposentado Maximiliano Mendes Torrico, de 73 anos, outro aluno que se destaca nas aulas.
"Eu sinto que rejuvenesce. Tinha dor no ombro e, só com quatro aulas, ela desapareceu", reforça a pensionista Aparecida Terratas, de 65 anos. Apesar de novatos na luta, eles não admitem que tenham dificuldades, uma mostra de que estão dispostos a evoluir na luta.
SERVIÇO
Oficina Afromix – Capoeira para a melhor idade
Quando: às segundas-feiras, das 11h às 12h30
Quanto: gratuito
Pré-requisito: ter a partir de 60 anos
Duração: 6 meses (julho a dezembro/07)
Total de vagas: 100
Onde: Creci – Rua Formosa, 215, Vale do Anhangabaú (Centro)
Inscrições: por tel. (11) 3255-5302 ou no local do curso. Levar documento com foto e comprovante de residência
Fonte: Silvia Ribeiro Do G1, em São Paulo – http://g1.globo.com