Curso online Leticia Vidor – A invenção de Tradição da Capoeira Baiana
Curso online Leticia Vidor – A invenção de Tradição da Capoeira Baiana
Para o historiador Eric Hobsbawm, “(…) Por ‘tradição inventada’ entende-se um conjunto de práticas (…) de natureza ritual ou simbólica [que] visa inculcar certos valores em busca de uma continuidade com o passado
Tendo em vista que a capoeira carioca era hegemônica no século XIX, procurarei mostrar que com a invenção de tradição da capoeira baiana, a partir dos anos 1930, apagou a memória da capoeira da cidade do Rio de Janeiro do século XIX.
No século XIX, a teoria científica predominante era o evolucionismo social. Para seus adeptos, havia apenas uma espécie humana que se desenvolve em ritmos desiguais e passa pelas mesmas etapas até alcançar a da “civilização”. No topo está a “raça branca”, considerada a superior.

Na segunda metade do século XIX, os teóricos do darwinismo social, consideravam que os atributos externos, bem como os fenotípicos constituíam-se em elemento essenciais para a definição da moralidade e do devir dos povos.
Vinculados e legitimados pela biologia, os modelos darwinistas sociais constituíram-se em instrumentos capazes para julgar povos e culturas, a partir de critérios deterministas.
O conluio entre os capoeiras cariocas da segunda metade do século XIX com políticos influentes pode ser verificado por meio dos capoeiras que atuavam na capangagem eleitoral, como o célebre Manduca da Praia.
Um ano após a Proclamação da República em 1889, foi publicado o Código Penal Republicano que em um de seus artigos tornou a capoeira exibida nas ruas um crime. Com isso as maltas cariocas foram desbaratadas.
O investimento oficial do governo de Getúlio Vargas, privilegiou a capoeira baiana. No começo da década de 1930, a convite do governador da Bahia, Mestre Bimba e seu grupo, lá fizeram uma exibição.
Em 1937, Mestre Bimba recebeu autorização oficial para abrir a sua academia de Capoeira Regional. (clandestina desde 1932) em Salvador. Por sua vez, Mestre Pastinha, também baiano e na mesma cidade, passou a ser responsável pelo Centro de Capoeira Angola, em 1942.
Esses dois Mestres eram pretos e pobres.
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