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Bahia: Apesar de homenagem, capoeira tem pouco apoio

O tema escolhido para o Carnaval pela Prefeitura de Salvador este ano – Capoeira é ginga de corpo – homenageia a luta-esporte que colocou o Brasil no mapa das artes marciais mundiais. Tão tradicional como o próprio traje da baiana, entretanto, a capoeiragem, no restante do ano, não é a prioridade nas esferas culturais do poder público, seja municipal, estadual ou federal.

Oportunamente, para homenageá-la, uma roda com 1.500 integrantes está programada para a noite de quinta-feira de Carnaval no Pelourinho, contando com a presença de músicos do grupo mineiro Berimbrown. Outros eventos também estão marcados dentro do projeto Capoeira Ginga Mundo, entre os dias 28 e 31 de janeiro, no Pelourinho. O evento é produzido há quatro anos pela Associação Integrada de Educação, Artes e Esportes. Este ano, conta com o patrocínio da Petrobras e os apoios da Fundação Gregório de Mattos, Secretaria Estadual de Cultura (Secult) – a coincidência do evento com o Carnaval foi a sopa no mel para as instituições.

Mas, fora estas coligações culturais de última hora, haverá um comprometimento mais sério com esta arte-luta ligada à resistência, ou tudo não passa de especulação afrocultural? Do ponto de vista do apoio nas esferas federal, estadual e municipal, pode-se dizer que a “farinha” ainda é pouca. Na Secult, não há nada específico para a luta nos programas de incentivo.

Fazcultura – Pelo Programa FazCultura, o único contemplado este ano foi o Grupo de Capoeira Dois Antônios, da Feira de Santana, que pretende implantar oito núcleos de capoeira em distritos e bairros da sua cidade de origem. A principal referência da cena capoeirana baiana é o Forte de Santo Antônio, que abriga cinco dos principais mestres na capoeira baiana. Após a reforma da fortificação, inaugurada pelo governo Paulo Souto em 2006, o espaço passou a ser referência.

Os baluartes da arte ali sediada são a academia de mestre João Pequeno de Pastinha (o grande homenageado do ano, pelos seus 90 anos); a Escola de Capoeira Filhos de mestre Bimba, dirigida por seu filho, mestre Nenel; a Oficina de Ladainhas e Corridos, com mestre Waldemar da Paixão; o Terreiro de Mandinga, com mestre Ezequiel; e o Grupo de Capoeira Angola Pelourinho, de mestre Morais.

Cordeiros – Por sinal, Morais vê com ceticismo a homenagem que se quer prestar à arte-luta afro-brasileira na folia momesca de 2008. “Não é a primeira vez que a capoeira sai no Carnaval. O que falta refletir é de que forma sai. Todo ano, inclusive, saem os capoeiristas cordeiros ou os capoeiristas com caixa de isopor e só sendo capoeirista para transitar sem derrubar a caixa”.

O panorama atual foi discutido em um evento que homenageou os 90 anos de mestre João Pequeno, mês passado. Capoeirista e doutorado em ciências sociais aplicadas à educação pela Unicamp, Pedro Abib relembrou que “a capoeira Angola começou a ser abafada nas últimas décadas e praticamente desapareceria se, nos anos 80, os mestres Morais e João Pequeno não revigorassem a tradição”.

Funceb – A Fundação Cultural do Estado da Bahia (Funceb) também não tem proposta exclusiva à capoeira. Pela tangente, o seu edital Mestres da Cultura Popular contemplou um grupo de capoeira entre 25 selecionados, (foram 75 grupos ao todo), o Grupo Angola Cativeiro, de Santo Amaro. Cada contemplado ganhou R$ 6 mil para suas ações – 4% para a capoeira.

Por outro lado, explica a presidente da Funceb, Gisele Nussbaumer, a instituição promoverá Cursos Livres de Capoeira na Escola de Dança da Ufba, no Pelourinho. A parceria entre a Funceb e a escola oferece 25 vagas, mas apenas para alunos dos 5 aos 17 anos, com aulas gratuitas a serem ministradas pelos mestres Zambi e Tamarindo. Informações: 71-3322-5350.

Fonte: A Tarde On Line – Salvador, BR – http://www.atarde.com.br

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