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Exposição: Origem da Capoeira

Cinco séculos de capoeira

“Capoeira é, acima de tudo, companheirismo, união e respeito. Ela sintetiza nossas origens e nossa cultura”, explica Mestre Arrepio, no centro da roda formada por crianças e adolescentes na galeria de arte Newton Navarro. Atentos, eles acompanham a destreza dos capoeiristas que exibem sincronia e gingado marcados pelo som do berimbau, do atabaque e do pandeiro. Em cartaz até o próximo dia 5 de outubro, na Fundação Capitania das Artes, a exposição “Origem da Capoeira” faz um retrospecto educativo, artístico e sociocultural sobre a origem desta arte marcial genuinamente brasileira.

Funcionando em horário estendido, das 9h às 21h de segunda à sexta-feira, a galeria abre as portas para visitantes interessados em manter contato com a capoeira não apenas através das performances esportivas do Grupo Cordão de Ouro, mas também a partir de maquetes, exibição de vídeos, aulas teóricas e pinturas especialmente produzidos para a ocasião pelos artistas plásticos Francisco Eduardo, Paixão, Carlos Sérgio Borges, Fernando Galvão, Roberto Medeiros e Guaraci Gabriel.

Ao todo são trinta obras, cinco de cada, que contam cronologicamente os vários momentos da capoeira, desde o século 16 até a expansão mundial nos dias atuais. “Para entender a origem da capoeira, que se espalhou por mais de 200 países, temos que conhecer a própria história do Brasil, desde o tempo da colônia. Só assim podemos compreender por que, desde 2008, ela é reconhecida pelo Iphan como patrimônio cultural brasileiro”, garante o pedagogo e arte-educador potiguar Nivaldo Freire, 34 anos, batizado na capoeira como Mestre Arrepio. Com 25 anos de experiência, ele diz que essa é a primeira vez que a capoeira é abordada sob vários aspectos em uma mesma exposição.

PINTURAS CRONOLÓGICAS

O desafio de retratar a trajetória da capoeira, desde sua origem nas senzalas, passando pela proibição de sua prática que durou até o início da década de trinta, desembocando no reconhecimento mundial como arte marcial, em telas, materializado pelos artistas, traça um panorama eclético com seis visões diferentes para o mesmo tema. 

A CRONOLOGIA ARTÍSTICA

Francisco Eduardo, por exemplo, ficou incumbido de retratar o período pré-escravidão. Seus trabalhos, em tons pastéis, a figura do negro ainda não está presente. Já Paixão destaca a chegada do escravo e Carlos Sérgio adentra as senzalas e retrata o período dos castigos nas fazendas coloniais. Fernando Galvão mostra o início do desenvolvimento da capoeira, enquanto Roberto Medeiros aborda a abolição da escravatura e difusão da capoeira no meio urbano. A última fase fica por conta do artistas Guaraci Gabriel. Conhecido por suas megaesculturas de metal, ele explora a pluralidade de povos “contaminados” pela arte da capoeira. Seus desenhos, com detalhes furta-cor, desembarcam no século 21 e apresentam a globalização da arte marcial tupiniquim.

“Estamos aqui para reforçar essa história. As pessoas precisam conhecer a origem da capoeira, saber que ela foi criada aqui no Brasil, tirar a ideia da cabeça que existem vários tipos (Angola e Regional): tudo é capoeira! O que define é o ritmo”, disse Mestre Arrepio. Ele comentou que a desmarginalização por completo da capoeira ainda está em andamento, mas acredita que “o processo está cada vez mais rápido. Quando imaginaríamos que a capoeira ocuparia uma galeria de arte?”, questiona.

ESPANHA

“Em março do próximo ano, essa exposição será exibida na Semana de Arte da Universidade de Barcelona, na Espanha. O evento reúne manifestações culturais de mais de 80 países, e nós seremos os únicos representantes brasileiros”, comemora Arrepio, que recebeu o apelido de Mestre Suassuna de São Paulo, um costume entre os adeptos da capoeira. Ele disse que a intenção, após retornar da Europa, é chegar no Recife (PE), Salvador (BA) e no Rio de Janeiro – cidades onde a arte marcial foi inicialmente desenvolvida. “Acertado mesmo, até agora, temos Mossoró e Pau dos Ferros em novembro”, informa.

A viagem para Barcelona foi acertada a partir de um aluno da universidade espanhola que conheceu Mestre Arrepio durante temporada de férias em Natal. “Temos hospedagem e alimentação garantida para uma equipe de 16 pessoas, incluindo os seis artistas que colaboraram doando os quadros”, disse. A única pendência para o grupo são as passagens aéreas, e ele espera receber apoio do poder público para representar o Brasil e o RN. “É o reconhecimento de um trabalho sério e comprometido”, garante.

ESCOLA CORDÃO DE OURO

A escola Cordão de Ouro mantida no bairro de Cidade Nova por Arrepio faz de uma rede homônima, que no RN é coordenado pelo Mestre Irani, sediada em São Paulo, com filiais filiais espalhadas por todo o Brasil e em outros 28 países. “Natal aparece com destaque por ser a sede do centro cultural e de pesquisa. Inclusive estou com a missão de criar o primeiro memorial da capoeira”, orgulha-se.

Vale registrar que a mostra “Origem da Capoeira” foi viabilizada com investimento pessoal do Mestre Arrepio, mais apoio das Fundações Joaquim Nabuco (vídeo), Palmares, José Augusto (camisas e banners), Capitania das Artes (pauta da galeria, cartazes e contato com artistas pláticos ) e Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional-Iphan.

Serviço:

“Origem da Capoeira”, de segunda a  sexta-feira, das 9h às 21h, até dia 5 de outubro, na galeria da Funcarte. Av. Câmara Cascudo – Centro.

 

Fonte: Tribuna do Norte – http://tribunadonorte.com.br/

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