O filho de Xangô, Mestre Tabosa, lança seu livro
Agora muito mais pessoas poderão conhecer esse fenômeno chamado Helio Tabosa de Moraes, mais conhecido como Mestre Tabosa…
Eis que o Mestre resolveu nos brindar com seu livro que, aliás, tal qual o autor, é cheio de surpresas e de uma diversidade enorme de assuntos e de informações, que com certeza preenchem uma triste lacuna que tínhamos, quanto ao registro da vida e obra deste ícone da capoeira e da História do Distrito Federal, seja pela perspectiva da capoeira, da arte em geral e de tudo que diga respeito à identidade que essa cidade já produziu.
Mestre Tabosa representa essa fascinante cultura que Brasilia hoje consagra, que abrange muito mais do que grandes ídolos globalizados em novelas ou no teatro, mas que fixa sua marca no terreno da produção cotidiana, face a face com as pessoas, cidadãos aparentemente comuns e ao mesmo tempo ídolos inquestionáveis de toda uma geração pioneira, fundadora das bases da nossa urbus brasiliensis, que a cada dia deixa menos dúvida sobre a sua maioridade histórica, cultural e identitária.
Mestre Tabosa é uma dessas pessoas raras que a cada século nascem muito poucas! Suas habilidades de capoeirista já viraram lendas da cidade e da capoeira para todos os que tiveram o privilégio de ve-lo em suas performances capoeiristicas…
Dotado de muitas competências distintas, Hélio Tabosa é polivalente de uma maneira muito ampla no que diz respeito aos seus conhecimentos e produções na capoeira.
Foi ele sem dúvida através da Academia Tabosa que promoveu a estação primeira da capoeira em nossa cidade, tornando-se rapidamente o elo de ligação com todo o cosmo capoeirístico mundo afora…
Em 1993, numa viagem a Portugal, adquiri um CD de músicas de Capoeira gravado nos Estados Unidos da America, onde uma música percorriu os diversos Estados do Brasil, mencionando dentro da sua letra os mestres consegrados de cada um desses locais.
Ouvindo bem a letra, na época muito raros os CDs de capoeira, vi que o autor da música, Mestre Deraldo, que vivia na cidade de Boston, Machachussets (tomara que o nome seja assim!), quando diz “axé Brasília, Mestre Tabosa!” me reporta a uma pergunta que tempos depois fiz ao Mestre, levando pra ele uma copia em fita K7 (coisa antiga já, né??!), pois naquele tempo era muito caro fazer-se uma copia de CD: voce conhece esse Mestre aqui, Tabosa? Conheço não!, respondeu o Mestre…
Nesse tempo, Tabosa já estava dividido entre muitos outros assuntos na sua relação com o esporte em sua academia e em diversas outras coisas que fazia. Mas seu nome já havia se consagrado como capoeirista e como mestre de capoeira, nome de Brasilia nos quatro cantos do mundo e da capoeira que por esses cantos se espalhava com a força de um vendaval, ao som dos berimbaus de capoeiristas de diversos Estados brasileiros, em particular Bahia, naturalmente; Rio de Janeiro; São Paulo e de alguns outros lugares em menor escala…
O Mestre Deraldo, por exemplo, é de uma linhagem de capoeira de Santos, do Mestre Sombra de Santos, fundador do Grupo Senzala de Santos, que já havia iniciado o trabalho no exterior através de diversos alunos seus. E ali já se achava o nome do Mestre Tabosa…
O tempo passou. Sempre acontece isso… Mas nada mudou em relação ao nome e a representatividade que Hélio Tabosa traz em sua marca registrada e em sua História de vida. E isso se confunde sempre com a história de Brasilia e da capoeira em geral!
Falar por onde começou a acontecer capoeira em Brasilia, onde tantas coisas se deram, como aulas em salas de escolas publicas; mulheres e homens em turmas mistas fazendo capoeira; treinamento localizado dentro da aula de capoeira, movimentos lindissimos de uma capoeira pura e leve como o vento, tudo isso teve nomes de Brasilia associado e o sobrenome Tabosa estava junto!!
O mais importante evento do início da segunda metade do século XX aconteceu no Rio de Janeiro, o Festival Berimbau de Ouro de Capoeira, surge ali o conceito que se expandiu por todos os rumos por onde andou os ventos da transformação da capoeira em grupos… os grupos assumiram a capoeira. Até então tinha outros nomes, as escolas, os mestres, as linhagens, as divisões de angola e regional, etc., mas o conceito de “grupo” surge ali, com o Grupo Senzala e com ele a inclusão de nomes de Brasilia dentro desse contexto!
Brasilia ganhou a mesma notoriedade que o grupo ganhador do Berimbau de Ouro (na verdade os tres anos que tiveram o concurso). Mas não participou apenas como convidados. Foram decisivas as participações de nossos capoeiristas ali: Tabosa, Cláudio Danadinho, Fritz e Adilson, não eram apenas convidados. Fizeram diferença! Criaram um bloco concorrendo junto com o Grupo Senzala que tornou-se grande parceiro e isso trouxe uma verdadeira revolução para a capoeira desde então.
Parte dessa (r)evolução Brasília desprezou e particularmente o Mestre Tabosa sempre foi contra, que foi a “filiação” de grupos e pessoas de outros lugares ao grupo-matriz, criando assim uma verdadeira indústria dentro da capoeira e expandindo-se em verdadeiras instituições globalizadas em muitos paises, sob a grife daquele grupo ou daquele mestre.
Mestre Tabosa abraçou um fundamento legado pelo seu próprio Mestre, o Mestre Arraia, que era o ensinamento direto, olho no olho, ginga com ginga, como forma de ensinar a capoeira. Ele passou então a ser um combativo crítico das patologias que se seguiram dentro e fora das rodas de capoeira, a violência em primeiro plano e em menor impacto a perda de identidade, o desprezo por tradições fundamentais, particularmente o jogo sem jogo, onde a distancia foi aumentando entre os capoeiristas, deixando a capoeira de ser um diálogo para ser um monólogo simultâneo de dois jogadores. A violência passa a substituir a eficiência, em que Tabosa sempre foi um Mestre!
Aí ele se torna um expectador. Um crítico na roda maior da capoeira, que é a própria vida de todos os seus pares, fora das rodas de jogo, mas inexpugnavelmente dentro das verdadeiras rodas de capoeira de Brasilia. Um observador atento e um Conselheiro para quem o procurasse, sempre equilibrado e sempre demonstrando que a sua Mestria não era de pernas somente, braços e golpes, era e sempre será de um grande líder,que agrega, coordena, une, pondera, e tem sempre propostas sensatas e novas alternativas onde as crises se instalam…
Tabosa se torna referência em outras modalidades de esporte, como no triatlon, na localizada e em outras formas de produção artística e cultural, como no cinema, na música, nas iniciativas governamentais como braço forte e sempre conciliador entre todas as forças e interesses, dentro de um ambiente quase sempre envoltos em nuvens de discórdias, de competição, de jogos sutis ou declarados pela obtenção de destaques ou de privilégios… Tabosa sempre foi um justo e imparcial juiz diante dos conflitos que sempre existiram e sempre existirão na capoeira, enquanto ela for praticada por seres humanos normais, como todos nós!
No seu livro, que é o grande mote deste nosso blogspot, ele além de contar diversas Histórias e estórias acerca da capoeira no DF e em eventos Brasil afora, ele incursiona na História da Afracanidade e da escravidão e mais uma vez é um Mestre que dá lição!
Depoimentos emocionados o exaltam e o consagram.
Fotos que marcaram época na História da capoeira vem de quebra no livro, que se torna assim uma quase enciclopédica epopéia capoeiristica, que ninguém envolvido com a capoeira ou interessando na cultura em geral pode deixar de ter.
Mestre Tabosa É Brasilia. Brasília É Mestre Tabosa…
Ah, e uma ultima coisa, antes de apresentar alguns de seus marcos históricos, não posso deixar de dizer e de registrar, por interesse próprio, que me perdoem os que consideram isso uma atitude interesseira ou não isenta minha: Hélio Tabosa, o Mestre Tabosa, é e sempre será o meu Mestre na Capoeira!
Saiba um pouco sobre o Mestre Tabosa
Hélio Tabosade Moraes, advogado, mais conhecido como Mestre Tabosa, iniciou sua vida profissional como bancário, mas abandonou para ser autônomo,
seguindo sua profissão de talento e coração, a educação.
Estudou várias artes marciais como judô, sumô e esgrima .
Formou os melhores mestres de capoeira e os melhores professores de ginástica de Brasília.
Sua trajetória abrangeu também a ginástica estética que ele chama de “ginástica localizada brasileira” um diferencial na área esportiva, notoriamente conhecida em Brasília.
Em 1964 ingressou na capoeira.
Em 1965 implantou a capoeira na UnB. Em 1967, 1968 e 1969 recebeu, junto com o Grupo Senzala – RJ, o Berimbau de Ouro, a maior honraria de um mestre de capoeira, até hoje talvez não superado ainda.
capoeira; participou como técnico no “Campeonato Brasileiro” realizado em São Paulo.
Em 1978 apresentou aula sobre a capoeira na Escola Aliança Francesa.
Em 1981 recebeu a faixa preta do 1º DAN, de judô.
Em 1983 completou em 10º lugar o “I Triátlon” no Rio de Janeiro; participou da “Meia-Maratona” Bradesco/Correio Braziliense/GDF-DF-DEFER e mais duas “Maratonas” no Rio de Janeiro.
Em 1984 participou do curso do “Ginástica Estética de Academia” do Governo do Distrito Federal, Departamento de Educação Física, Esportes e Recreação.
Em 1987 participou do “Short Triátlon Brasiliense”. A partir de 1988, coordenou várias edições dos JEB (Jogos Escolares Brasileiros) na área da capoeira.
Em 1990 coordenou o 1º Projeto “Jogos Abertos de Brasília de Capoeira”. Atuou como técnico dos primeiros campeonatos da Confederação Brasileira e proferiu palestras sobre a capoeira; aplicou vivência de capoeira na Fundação Cidade da Paz; participou do “Encontro Mundial do Meio Ambiente e os 500 Anos do Descobrimento da América”.
Em 1991 foi jurado no “II Jogos Abertos” do DF; formou a 1ª Mestre de Capoeira mulher.
Em 1992 participou de diversos simpósios de capoeira; colaborou nas “Diretrizes da Capoeira no Brasil”; representou o Brasil no “Encontro Mundial de Artes Marciais”
na Alemanha; foi palestrante do “GEISPORT”; apresentou, de sua autoria, o regulamento que regeu os JEB de capoeira, “Roda de Capoeira Competitiva”;
proferiu palestra para professores do “Programa Escola Comunidade de Ginástica nas Quadras”; manifestou-se pelo resgate da capoeira.
Em 1993 declarou-se contra o clímax da brutalidade entre gangues de Brasília; participou da “Jornada Contra a Violência”,
convidado pela Câmara Legislativa do Distrito Federal; apresentou uma aula sobre a capoeira na “Faculdade de Artes Dulcina de Moraes”.
Em 1997 recebeu, da “Federação de Capoeira do Distrito Federal”, o diploma de honra ao mérito de “Pioneiro na Divulgação da Capoeira no Distrito Federal”.
Em 1996 participou da gravação do CD “Tantas Canções” de Muriel Tabb e Paulo André Tavares;
em 1997 participou do filme “O sonho não acabou” com Lucélia Santos e contracenou com Miguel Falabela e do filme “No Coração dos Deuses” da Aquarela Produções Culturais – um filme de Geraldo Moraes – roteiro longa-metragem sobre a saga dos Bandeirantes. Participou do 114º Aniversário do Sonho-Visão de Dom Bosco com a peça “Brasília Paralelo 15”;
em 2002, Tabosa gravou canções de sua autoria no CD da cantora Muriel Tabb, intitulado “Olhos d´água”.
Hélio Tabosa dividiu o palco com Muriel Tabb e Tico de Moraes, mais de uma vez, na Sala Cássia Eller – FUNARTE, nas salas Villa Lobos e Martins Penna, do Teatro Nacional, na Biblioteca Demonstrativa de Brasília e na Livraria Cultura.
E no apagar das luzes de 2009, somos surpreendidos com essa matéria:
MESTRE TABOSA
Voto de Aplauso foi requerido também, pelo senador Arthur Virgílio, para Hélio Tabosa de Moraes, pela publicação do livro O Filho de Xangô, a respeito da história e prática da capoeira no Brasil.
“Mestre Tabosa, como é conhecido – disse o senador – é figura das mais representativas na área da capoeira. Estudou várias artes marciais, como judô, sumô e esgrima e formou os melhores mestres de capoeira e os melhores professores de ginástica de Brasília. Foi também o responsável pela implantação do ensino da capoeira na Universidade de Brasília (UnB).”
É somente um pouco a respeito de Mestre Tabosa.
Para saber mais, leia o livro…!!
Fonte: http://www.filosofianacapoeira.blogspot.com/