A Capoeira Como Atividade Terapêutica: Novas Possibilidades de Reabilitação.
Gostaria de deixar uma ressalva à importância dos trabalhos que diversos Mestres "educadores" vem desenvolvendo dentro desta abordagem: Capoeira na 3ª idade – Capoeira para deficientes – Capoeira Cidadã…
Cada movimento realizado, cada limitação superada, cada novo aprendizado assimilado e cada etapa atingida e vencida representam uma vitória tamanha e um grau de satisfação tão grande para estas pessoas que talvez nós, “perfeitos”, não tenhamos a capacidade de sentir. Por outro lado, cada dificuldade apresentada, cada obstáculo a ser vencido, representa o desafio da auto-superação e sugere tenacidade e autodeterminação.
Sendo assim, como parte de uma equipe multidisciplinar, o profissional de capoeira, contribui de forma significativa para o tratamento de inúmeras deficiências, pois a referida atividade ajuda na inclusão social, no exercício da cidadania, aumenta ou desperta a auto-estima, aviva o espírito e enleva a alma. Ela é uma importante aliada aos procedimentos tradicionais adotados pela Fisioterapia, Terapia Ocupacional e pela Medicina.
Nessa perspectiva, o trabalho realizado pela Associação Cultural Corrente Libertadora é um bom exemplo de como essa proposta é viável. A Associação foi criada em 1976 pelos irmãos Maurício, Eufradísio, Eufrásio (Tigrão) e Magnólia; baianos de Floresta Azul, radicados no estado de São Paulo. Eles têm ainda o apoio da psicóloga Laura Maria Jorge Carvalho e mais 24 instrutores formando o seu grupo de trabalho, segundo matéria assinada por Letícia C. De Carvalho publicada na revista especializada Praticando Capoeira, ano 1 nº. 3.
O desenvolvimento do ensino da capoeira para este tipo especial de aluno exige uma atenção redobrada do professor. Para um melhor desenvolvimento da proposta, além de dever trabalhar com um número suficiente de auxiliares, é aconselhável que ele se qualifique bem através de cursos que sugerem a inclusão, geralmente dados por instituições públicas ou organizações do tipo APAE (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais), para poder prestarem um melhor atendimento.
A reabilitação nessa área geralmente é muito dispendiosa para os pais, por isso uma atividade lúdica, que possa acelerar o processo, vem dar uma contribuição importante também para se reduzir significativamente os gastos com o tratamento.
Faz-se necessário que a sociedade dispa-se dos seus preconceitos e aprenda como as crianças a aceitar as diferenças como algo normal, e que estas diferenças, devam servir para aproximar, ao invés de separar as pessoas. Nessa perspectiva, sugiro a composição de turmas mistas quanto ao sexo, graus de dificuldades e necessidades especiais em diferentes níveis, bem como a necessária presença de outros alunos que não as tenham.
* O professor e pesquisador Acúrsio Esteves, é formado em Educação Física pela UCSal, com mestrado em Gestão de Organizações UNIBAHIA/UNEB e é professor da Secretaria Municipal de Educação de Salvador. Leciona também nas Faculdades Jorge Amado e Fundação Visconde de Cairu, respectivamente nos cursos de Educação Física e Turismo, sendo também autor dos livros Pedagogia do Brincar e A “Capoeira” da Indústria do Entretenimento, de onde foi retirado este fragmento de capitulo. Aqui registramos a colaboração do colega Antônio Luiz Ferreira Bahia, professor de Educação Física do Instituto de Cegos da Bahia e da colega fisioterapeuta Maria da Conceição Souza.
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