Portal Capoeira Londres 2012: Brasil terá 'samba do crioulo doido' no encerramento das Olimpíadas Cultura e Cidadania

Londres 2012: Brasil terá ‘samba do crioulo doido’ no encerramento das Olimpíadas

Maracatu, gafieira, batucada, índios, Villa-Lobos, Chico Science e passistas. Tudo isso em apenas oito minutos com mais de 250 pessoas no centro do Estádio Olímpico de Londres, entre elas estrelas como a cantora Marisa Monte, a modelo Alessandra Ambrósio e o cantor Seu Jorge.

Esses são alguns dos elementos presentes no próximo domingo, dia 12 de agosto, no pequeno trecho da cerimônia de encerramento dos Jogos Olímpicos de Londres 2012 dedicado ao Rio de Janeiro 2016

Os diretores artísticos Cao Hamburguer e Daniela Thomas batizaram a apresentação brasileira – quando o país receberá da Grã-Bretanha a bandeira olímpica – de “Brasil, o país do abraço multicultural”.

“Estamos fazendo o que chamamos no Brasil de “samba do crioulo doido”, ‘the samba of the crazy man'”, disse Hamburguer nesta sexta-feira em um evento para jornalistas estrangeiros sobre a cerimônia de encerramento.

‘Abraço’

O evento de despedida terá quase duas horas de duração e começará às 17h (horário de Brasília). O Estádio Olímpico tem capacidade para 80 mil pessoas. Estima-se que 900 milhões de pessoas devem assistir ao espetáculo pela televisão em todo o mundo.

O espetáculo britânico chama-se “Uma Sinfonia da Música Britânica”, e o diretor artístico Kim Gavin promete todo tipo de gênero musical, desde o compositor Elgar à cantora Adele. A banda Muse e o cantor George Michael devem se apresentar ao vivo.

Os principais detalhes da participação brasileira na cerimônia não foram revelados e serão mantidos sob sigilo até a hora apresentação.

Os ensaios acontecem desde março deste ano em Greenwich, no sul de Londres, com escolas de samba e integrantes da comunidade brasileira que vivem na capital britânica.

Os brasileiros também puderam fazer dois ensaios em Dagenham, subúrbio no leste da capital que serviu de local de preparação para as cerimônias de abertura e encerramento de Londres 2012.

Apenas alguns números e nomes da apresentação brasileira foram divulgados nesta sexta-feira.

Serão 82 percursionistas, 20 passistas, 16 indígenas, 16 capoeristas, 20 dançarinos de maracatu, 16 casais de dança de gafieira e outros 80 dançarinos.

As estrelas escolhidas para protagonizar o trecho brasileiro do espetáculo são a modelo Alessandra Ambrósio e os cantores Marisa Monte, BNegão e Seu Jorge.

Outra estrela é Renato Sorriso, um gari que ganhou popularidade em 1997 por sambar enquanto limpava o Sambódromo da Marquês de Sapucaí.

Os atletas que também desfilarão no encerramento são o velejador Robert Scheidt – maior medalhista olímpico da história do Brasil e ganhador do bronze em Londres 2012 – e a saltadora Maurren Maggi – que foi ouro em Pequim 2008, mas saiu de Londres sem conseguir se classificar para a final.

Dois músicos brasileiros também foram citados na apresentação e devem ter suas músicas tocadas em algum momento do espetáculo: o compositor de música erudita Heitor Villa-Lobos e o falecido cantor Chico Science, um dos criadores do “manguebeat” pernambucano.

Clichês

Na cerimônia de encerramento dos Jogos de Pequim 2008, Londres não evitou usar clichês no pouco espaço que teve durante a entrega da bandeira olímpica. De um ônibus de dois andares, típico da capital britânica, surgiram músicos como Leona Lewis e Jimmy Page, além do prefeito Boris Johnson e do jogador de futebol David Beckham.

Daniela Thomas disse que um dos desafios da cerimônia foi “reinventar os clichês” do Brasil, e não necessariamente evitá-los.

“A responsabilidade é imensa de apresentar um país que só é conhecido por alguns clichês e algumas informações muito, muito vagas. Agora temos que mostrar para vocês as pessoas, culturas e paixões incríveis que formam o nosso país, que é um dos mais multiculturais e multiétnicos”, afirmou.

“Os clichês são só a ponta do iceberg. Eles não estão errados e nem nos representam de forma errada. Mas queremos mostrar a vocês (estrangeiros) outros níveis, outras formas nas quais nós misturamos”, acrescentou.

“O interessante do Brasil é que reinventamos tudo. Nós recebemos as informações e estamos muito longe dos centros – da Europa, da América do Norte. Com nosso espírito, nós mixamos e remixxamos. Somos como DJs. É assim que produzimos cultura”, disse.

Outro desafio foi retratar não só o Rio de Janeiro como também as diversas regiões do Brasil em apenas oito minutos.

“O Rio de Janeiro é, em muitas formas, o coração do Brasil. E neste sentido, falar sobre o Rio de Janeiro é falar sobre o resto do país, e teremos expressões de todo o país. Tentaremos mostrar isso nesses oito minutos”, concluiu Thomas.

Fonte: BBC Brasil – http://www.bbc.co.uk/portuguese/

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