IÊ !

Iê !
Meu grito ganhou o espaço
partiu grilhões
correu mato
virou quilombos

Iê !
É a liberdade dita, que nunca chegou
A liberdade ganhada, mas que não vingou
Não é o que se quer.
Lutar, resistir, reagir
me caem melhor.

Iê !
Ouvidos ouviram meu canto
palmas marcaram meu ritmo
do silêncio se fez som
Cabaças contaram de tempos de sonho

Iê !
O grito ecoou nas esquinas
Nas senzalas, casas-grandes
nas minas
brilhou como ouro, café, açúcar e sangue
E mágoa, e humilhação,
e preconceito.
E resistência, e fé,
e esperança.

Iê !
E meu grito de medo e dor
ganhou tons de revolta
de justiça
de liberdade
Ganhou inocência de menino
e veneno de cascavel

Iê !
Meu grito que agora anda torto
que tem flor na lapela
e navalha na mão
Meu grito que joga

Iê !
E se fez resistência
que traz no pé a força
no olhar, a mandinga
e no coração, liberdade

Iê !
Hoje meu canto é alegre
No peito não mais trago dor
Meu grito se fez corrente, elo
Meu grito se fez jogador

… e que brinca no cais
ou no pé da ladeira
Iê ! e é arte
Iê ! é luta
Iê ! é capoeira.

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