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Capoeira sitiada: consulado mexicano nega visto a mestres brasileiros

 

A capoeira cruzou o Pacífico, o Atlântico e o Índico. A beleza dessa luta-dança-arte brasileira cruzou os quatro cantos do planeta e hoje é praticada por todos os povos, raças, credos e etnias. Mas talvez alguns circuitos diplomáticos se esqueçam de que ela é afro-brasileira e que a sua internacionalização só foi possível devido ao trabalho perseverante de milhares de capoeiristas que deixaram o Brasil para ensiná-la no exterior. É o que parece estar ocorrendo com o consulado do México em São Paulo.

Convidado pelos instrutores de capoeira mexicanos do grupo que coordeno, programei uma viagem para o México, a fim de participar de evento de intercâmbio em janeiro de 2008. Assim o fiz nos últimos anos, uma vez que temos núcleos no Brasil, México, Estados Unidos e França. No México, em particular, já estive quatro vezes anteriormente. Desta feita, integraria uma comitiva formada pelos camaradas Mestre Plínio (Angoleiro Sim Sinhô), Mestre Cigano (Liberdade dos Palmares, EUA), Contramestre Monise (Capoeira Berim Brasil) e Professor Busca Longe (Muzenza, SP).

No entanto, muitos de nós estamos impedidos de entrar no território mexicano, pois não dispomos de cartão de crédito internacional com limite alto e imóvel registrado em nome próprio, como exigem as autoridades de imigração daquela nação latino-americana. Somos arte-educadores de Capoeira, que no Brasil ainda não tem, infelizmente, o reconhecimento devido. Por isso, a maioria de nossos mestres, proletarizados, não têm propriedades em Cancun, onde possam gozar as férias, tampouco reservas cambiais para entrarem em outros países como cobiçados turistas.

Embora sejamos profissionais com ampla experiência internacional, isso não foi suficiente para obtermos o visto de entrada neste país, mesmo que na condição de convidados de cidadãos mexicanos. Episódio estranho esse, pois a capoeira foi tão bem acolhida por “nuestros hermanos”. Embora respeitemos o soberano direito das nações controlarem a imigração ilegal, lamentamos a inflexibilidade destes procedimentos de obtenção de visto que ora nos impede de exercer o tão saudável e importante intercâmbio cultural entre duas nações que nutrem relações políticas, comerciais e culturais de larga envergadura.

Resta, a nós, evocar a sensibilidade das autoridades mexicanas em nosso país para rever procedimento tão ortodoxo. E ao Itamaraty para que convença seus pares no mundo diplomático, de que a Volta do Mundo da Capoeira é irreversível.

Saludos cordiales!

 

 

 

Wellington Nelson Fernandes

Cidadão Brasileiro, nascido em 1969, mestre de Capoeira e arte-educador
Presidente do grupo de capoeira Berim Brasil Internacional

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