Mestre André Lacé cutucando a razão e o brio das lideranças fluminenses.
Agenor Moreira Sampaio – Sinhozinho – Capoeira Utilitária.
Cutucando a razão e o brio das lideranças fluminenses ("fluminense", aliás, que não amarelou, ontem, para o habilidoso e milongueiro Boca Junior) – de repente – a eles "realizam" a importância da Capoeiragem do Rio Antigo (e do moderno também).
O fato é que – por enquanto – os capoeiras estão muito além da Capoeira.
Especialmente os daqui do Rio de Janeiro que, antes, eram exemplo modelar para o resto do Brasil (ODC, Plácido, Manduca, Maltas e Turma da Lyra, Zuma, Inezil, Sinhozinho, Hermanny etc, sem precisar a criativa capoeira que era praticada no subúrbio do Rio e na Baixada Fluminense).
Anualmente os governos – municipais, estaduais e federal – gastam milhões com a capoeira.
Agora mesmo, recebo e-mail de Cuba dizendo que tem um grupo de capoeira por lá, patrocinado por verbas públicas brasileiras. Quem seleciona tais grupos?
E quanto as verbas milionárias que acabam de ser liberadas pelo governo federal?
O projeto do professor-doutor Luiz Sergio Dias, carioca da gema, escritor premiado, não foi aprovado. Mas caberá a uma instituição baiana escrever um livro sobre a Capoeira do Rio de Janeiro. Quem seleciona, afinal, tais projetos, sobre quais critérios?
As lideranças fluminenses, seguindo obediente o rebanho, devem estar aplaudindo.
Repito, se Sinhozinho (e outros) fosse baiano, já teria uns cinco diplomas da Câmara dos Vereadores, da Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro, e de Brasília.
Os baianos não estão errados, o Rio é que poderia voltar a ser o que era.
Imagine uma cerimônia de mudança de placa na Rua Agenor Sampaio, uma outra em função de una guaribada (necessária) no jazigo da família de Sinhozinho, uma outra comemoração no Quilombo Leblon, que também foi imitado, imagine, finalmente (mas sem esgotar o assunto) a publicação de um livro sobre todos esses motes, com algumas apresentações a cargo de um Luiz Sergio, Lamartine e alguns outros.
No outro dia filmei Rudolf Hermanny jogando com um de seus alunos, também veterano. Eu mesmo fiz questão de fazer uma "sombra" com o Rudolf: que noção de espaço e da dinâmica de qualquer luta, que festival de recursos inteligentes e eficazes. A idéia é mandar o filme (ficou muito amador, espero fazer coisa melhor) para a Itália, onde Mestre Coruja vai realizar cursos para as Forças Armadas, com base na capoeira utilitária de Sinhozinho.
Aliás, da Itália, recebo a gravação de uma canção italiana com um excelente berimbau de fundo (para médico-professor baiano algum colocar defeito).
Vou, agora, jogar algum colesterol ao mar e, em seguida, voltar a trabalhar nas memórias da capoeiragem do Rio Antigo.
Parabéns pelo seu trabalho.
André Luiz Lacé
Fonte: http://capoeira-redentor.blogspot.com