Festival do Folclore de Olímpia

Olímpia – SP: 43º Festival do Folclore

O tabuleiro de Olímpia tem…
Diferenças culturais do Brasil dão charme e alegria ao Festival do Folclore de Olímpia em sua 43ª edição
Tradição, oralidade, anonimato e aceitação coletiva são características que unificam as diferenças da cultura brasileira.
 
Não é exagero dizer que a pequena Olímpia, com 48 mil habitantes, comporta as peculiaridades de um país inteiro durante o Festival do Folclore. Realizado há 43 anos, o tradicional evento atrai lendas vivas e muitas histórias para “boi dormir”.
 
 

Confira o panorama do evento realizado pela reportagem do BOM DIA nesta terça-feira.

 

 
Boi maranhense

O Grupo Sociedade Junina Bumba Meu Boi da Liberdade nasceu em São Luiz, no Maranhão, em 1956 e atualmente envolve mais de 160 pessoas.
 
Os bricantes reúnem-se para celebrar a imagem de seu padroeiro: São João Batista. A vestimenta do brincante é uma atração à parte. Ricamente coloridas, apresentam belos desenhos feitos com canutilho e miçanga. As imagens de santos são os temas mais presentes nas roupas.
 
Misto de maracatu rural, boi e congo, a performance do Bumba Meu Boi da Liberdade é repleta de personagens do imaginário nordestino: as índias tapuias, os vaqueiros e os sertanejos.
 
Pela primeira vez no Festival do Folclore de Olímpia, o grupo do Maranhão foi representado por 54 integrantes. Outro destaque são os chápéus de tia – grande sombreiros revestidos de fitas coloridas que ampliam os movimentos do brincante.
 
Folia paulista

Os anfitriões também mostraram seu talento nos palcos. A cia. de Reis “Os Visitantes de Belém”, de Olímpia (SP), por exemplo, contagiou o público pela animação dos instrumentistas e dos palhaços.
 
De acordo com o mestre Geraldo dos Santos, 60 anos, o grupo foi formado há pouco mais de dois anos, mas todos têm a “Folia de Reis” no sangue.
 
Ele conta que os palhaços representam os soldados do rei Heródes.
 
“As fantasias e máscaras serviram para despistá-lo enquanto os reis magos visitavam o Menino Jesus, em Belém”, comenta.
 
Folguedo catarinense

Florianópolis (SC) é representada pelo Grupo Folclórico Boi de Mamão Frankolino, da “E.B.M. Luiz Cândido da Luz”. Esta é a primeira vez que saem do Estado de origem para se apresentar no Festival do Folclore de Olímpia e em unidades paulistas do Sesc.
 
O projeto foi criado há cerca de três anos com o objetivo de resgatar o folguedo do Boi de Mamão – dança com similares em outras regiões. Além do personagem central, compõem a história o cavalinho, a Bernúncia – imitação de dragão chinês – e a Maricota.
 
“Representamos a luta entre o bem e o mal”, afirma o produtor cultural Ari Nunes. Ele explica que o nome original da brincadeira era Boi de Pano e há duas versões para a mudança. Não se sabe se, por falta de tempo, as crianças usaram uma fruta para construir a cabeça do animal ou se os dançarinos bebiam demais.
 
Congo capixaba

A banda de congo Panela de Barro, do distrito de Goiabeiras Velha, em Vitória (ES), é exemplo de que as tradições continuam vivas. O grupo existe há mais de 70 anos e faz questão de passar seus conhecimentos a crianças da comunidade com uma cia. mirim.
 
Com casacas, tambores, triângulos, chocalhos e cuicas, os folcloristas fazem referências a São Benedito e Nossa Senhora da Conceição por todo o Brasil.
 
A maioria das pessoas pertence a famílias de paneleiros. Esta, aliás, é a marca registrada da região. Segundo o chaveiro e tocador de casaca Lauro de Lima Silva, 45 anos, a legítima panela de barro é feita de uma argila especial, encontrada somente no Vale de Mulembá, no bairro de Joana D’Arc, zona oeste de Vitória. As peças são tingidas com tanino – produto obtido da casca da árvore do mangue – e utilizadas para o preparo de pratos como a moqueca e a torta capixaba.
 
Reisado sergipano

A companhia de reisado do vilarejo de Marimbondo, em Pirambu, Sergipe, é retrato da genealogia da família de Antonio dos Santos, 60 anos, o mestre Sabá.
 
A tradição vem de 1805, quando seus bisavós começaram a reunir familiares no Natal para celebrar a chegada do Menino Jesus. “Da minha bisavó passou para o meu avô, que passou para minha mãe, que passou para mim”, conta mestre Sabá, cujo o riso revela a persistência e a força do povo do sertão nordestino.
 
Hoje o reisado envolve cerca de 30 pessoas, todas elas ligadas à família Santos. Oito são filhos de mestre Sabá. “Se duvida, eu mostro o documento”, brinca. Genros, noras, sobrinhos e netos completam a lista.
 

A manifestação do reisado de mestre Sabá é uma profusão de ritmos que dominam a musicalidade nordestina. O mestre se arma de roupa colorida, relembrando o palhaço da típica Folia de Reis do sertão paulista. O coro feminino que o acompanha se reveste de verde e fitas coloridas para cantar a adoração ao Deus Menino.

 

 
Festival do Folclore viaja pelo artesanato de Minas

A força do artesanato de Minas Gerais é evidenciada no 43º Festival do Folclore de Olímpia. O pavilhão principal da Praça de Atividades Folclóricas reúne trabalhos de diversas regiões do Estado homenageado, que podem ser conferidos pelo público até sábado.
 
No vilarejo de Planalto de Minas, em Diamantina, a palha de milho dá vida a bonecas de todas as formas, inspiradas na personagem de Xica da Silva.
 
Conforme a artesã Maria Luzia de Paula, a confecção das bonecas é feita há 13 anos por 33 artesãos, que receberam apoio de vários órgãos técnicos como Embrapa para aprimoramento da produção. “Hoje usamos uma espécie de milho selecionado pela Embrapa cuja palha é mais resistente e permite fazer o corpo e a saia rodada da boneca”, conta.
 
Flor típica do serrado mineiro, a “sempre-viva” é matéria-prima dos artesãos de Galheiros, outro distrito de Diamantina. Seca e com longos cabos, é ideal para a confecção de arranjos e luminárias. Cerca de 30 famílias sobrevivem deste tipo de artesanato.
 
“Todos colhiam as flores para vender, mas, com o risco de extinção, recebemos apoio de várias entidades para iniciar a produção do artesanato de forma sustentável”, explica José Borges, integrante da comunidade de Galheiros.
 
Quem não dispensa bom gosto na escolha de esculturas vai se deliciar com os bustos feitos de barro pelo artista Paulo Avelar, de Sete Lagoas. Inspirado nas senhoras com lenços na cabeça e vestidos de chita que habitaram sua infância, ele recria figuras humanas e situações tipicamente caipiras como o vendedor de frangos e o fogão à lenha.
 
Também encantam os olhos de crianças e adultos as rosas criadas a partir de folhas naturais desidratadas, feitas pela artista Maria Tarraga, de Lambari.
 
“Colhemos a planta, cozinhamos para tirar a clorofila, tingimos e montamos a flor”, diz.
 
 
 
Fonte: Harlen Félix e Daniela Fenti – Bom Dia Rio Preto – http://www.bomdiariopreto.com.br

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