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O BAMBA é “Bamba”

CAPOEIRAS DE SALVADOR: O BAMBA é “Bamba”

Por: Mestre Jean Pangolin

Vamos falar um pouco sobre o Sr. Rubens Costa e Silva….. Ops…!!!.. Você conhece este sujeito??.. Provavelmente SIM, mas não por este nome….Rsrsrs.. Pois é, este é o nome de uma das maiores referencias da capoeira baiana, com ramificações de seu trabalho no mundo inteiro…. Estamos falando de Mestre Bamba, ou, simplesmente, “Rubinho” para os íntimos. Esta “fera” da capoeira marcou gerações e inspirou muitos de meus treinos na praia do Corsário, na Boca do Rio, em Salvador – Bahia.

Em meus primeiros anos de capoeira, Mestre Bamba era “figurinha carimbada” nos eventos organizados por meu Mestre Ferreira. Ele sempre estava lá com seu olhar desconfiado, cabeça erguida, sua calça colada no corpo, e sempre, sempre mesmo, fazendo seus alongamentos característicos, como uma espécie de “bailarino da capoeira”…. Eu olhava e pensava…. Quem o vê assim, não imagina que toda esta flexibilidade e aparente delicadeza encobre um dos capoeiras mais perigosos, no jogo, que já conheci em toda minha vida….. Mestre Bamba SEMPRE foi “barril dobrado”!!!! “Sangue no olho”, destemido, mas justo e nunca desleal….

Mestre Ferreira e Mestre Buguelo sempre me contavam as historias de Mestre Durval (Ferro Velho) e Mestre Vermelho “Boxel”, ambos com grande influencia na capoeira de Mestre Bamba. Assim, não podia dar outra…. Da combinação de muito treino, boas referencias e um ambiente extremamente rico culturalmente, nasceu a famosa “meia lua baiana”, aquela “da casa”….Rsrsrsrsrs.. Passada de geração em geração, a criação das antigas referencias de Mestre Bamba segue viva no jogo dele, e eu, “bunda de caruru”, tentando de todas as formas aprender… Rsrsrsrs.

Inicia na Associação de Capoeira Mestre Bimba, no ano de 1977, e de lá pra cá, passa de um simples associado ao mais alto gestor desta casa, assumindo toda a responsabilidade na continuidade do legado administrativo de Mestre Vermelho 27. Assim, ao longo de décadas, passaram, literalmente, pelas mãos de Mestre Bamba bons capoeiras que ajudam a escrever a historia da capoeira baiana na atualidade. Aprenderam diretamente dele, Mestre Orelha, Mestre Nelsinho, Mestre Marinheiro, Mestre Zambi, Mestre Cabeludo, Mestre Traíra, Mola Sete, Jorge Rasta e vários outros. Me recordo muito bem de todos, pois quando a “turma do Bamba” chegava era problema certo no jogo…..Rsrsrs… Agradeço muito, pois aprendi muito com todos… OBRIGADO!

Minha relação com Mestre Bamba, atualmente, extrapola o respeito no campo da capoeira, e eu lembro bem quando se deu este “CLIC” de percepção…. Certa feita, no Forte da Capoeira, no Santo Antonio Além do Carmo, aconteceu uma roda com alguns dos maiores mestres da Bahia, e, lógico, eu não poderia perder isso por nada…. Me arrumei todo, chamei minha companheira (Mestra Brisa), meu irmão (Mestre Cássio), sua esposa e um grande amigo meu da época (discípulo de Mestre Eziquiel).. Fomos todos, e eu super entusiasmado e despreparado, achei que poderia jogar….. Ledo engano… Aí já viu…. Não deu coisa boa… Me envolvi numa demanda gigantesca com um mestre famoso daqui de Salvador… Meu irmão entrou na peleja… Pra resumir…. Gerou uma confusão generalizada, com dezenas de pessoas querendo nos agredir, e nesta hora surge na minha frente Mestre Bamba, ai pensei… Pronto…. Mais um pra me espancar… Rsrsrs… Mas foi justamente o contrario, pois ele, percebendo nosso desespero, olhou pra mim e disse…. “Me siga, que vou tirar vocês daqui….Pode confiar em mim”…. Pensei… Foi Deus que enviou o mestre…. O fato concreto é que o Mestre Bamba nos conduziu até um lugar seguro, e daquele dia em diante, entendi o que é ser respeitado pela comunidade e que eu carregava uma divida com aquele homem… Não sei se ele lembra disso, mas eu JAMAIS esquecerei….

Por tudo isso e mais um pouco, hoje me curvo a grandeza deste homem, que se fez MESTRE na terra “mãe da capoeira”, cantando, tocando, jogando e não aceitando a “politicagem na capoeira”, justamente por ser um “capoeira politizado”… Assim, aqui vai minha singela homenagem…. IÊÊÊ…. SALVE, pois O BAMBA é “Bamba”.

Axé.:

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