A “Capoeira” da Indústria do Entretenimento – Corpo, Acrobacia e Espetáculo Para Turista Ver”
A “Capoeira” da Indústria do Entretenimento – Corpo, Acrobacia e Espetáculo Para Turista Ver”
Sempre acreditei na preservação e na valorização da arte e da cultura popular. Acredito que o universo da capoeira é parte integrante deste contexto, um elemento “vivo” e multifacetado, envolto na magia e no mistério da oralidade, entranhado no corpo e na memória de todo brasileiro.
Existem vários mestres e mestras que têm se aprofundado e se especializado nesta faceta capoeirística acadêmica, como por exemplo mestre Luiz Renato, mestre Falcão, mestre Zulu, mestre Jean Pangolin, mestra Janja e tantos outros… Existem ainda aqueles “mestres” que não são capoeiristas, mais que trabalham em prol da capoeiragem e mesmo sem dar um aú, mesmo sem soltar um rabo de arraia, estes “mestres” têm gingado dentro da verdadeira essência da capoeira, utilizando desta poderosa arma de inclusão, beneficiando e tocando vários cidadãos que frequentam as universidades e salas de aula pelo mundo afora… Acúrsio é um destes “mestres”…
Acúrsio Esteves, professor universitário, pesquisador, escritor e “bom baiano”, em A “Capoeira” da Indústria do Entretenimento – Corpo, Acrobacia e Espetáculo Para Turista Ver” faz uma oportuna e contundente crítica a ação transformadora da indústria do turismo e do espetáculo, que direciona, molda e maquia manifestações de cunho cultural de modo a transformá-las em mercadoria, em produtos estereotipados, desprovidos de alma e de integridade, integrando-as à pseudo-indústria do “Consumismo-Cultural”.
Este processo, não é novo e está presente há décadas no universo da capoeira, um ótimo exemplo foi o surgimento de grupos e shows parafolclóricos, que estilizavam a capoeira, o samba de roda, o maculelê, o candomblé, a puxada de rede e outras manifestações da cultura popular afro-brasileira.
É claro que esta reflexão nos leva ao outro lado da moeda, um dos possíveis caminhos para entender a expansão da capoeira, que encontrou um amplo nicho de mercado, a ser explorado pelos grupos de capoeira, que em meados da década de 70 iniciaram o processo de “internacionalização da capoeira” que incluía rodas, apresentações e shows, em hotéis, pousadas, resorts e praças públicas.
Um livro ímpar, provocante e delicioso, cjue aborda a capoeira em diversos aspectos, desde a culinária à religião, da musicalidade à atividade terapêutica, repleto de elementos e símbolos da cultura afro-brasileira, uma reflexão corajosa e de valor imensurável a todo aquele que ama e vivência a cultura e a arte da capoeiragem…
“quanto rnais palhaçada faz a academia essa é a preferida do órgão público”.
Trecho do livro “Capoeira Angola: um ensaio sócio etnográfico ”, publicado em 1968.
Waldeloir Rego
Luciano Milani
Editor do Portal Capoeira www.portalcapoeira.com
Obrigado meu querido amigo pela honra e privilégio de poder participar neste projeto escrevendo a orelha do livro.